Nesses poucos dias de quarentena, produtores se desdobraram para oferecer conteúdo online e tornar o atual momento (de isolamento) mais proveitoso. Assim, shows virtuais, acervos de obras cinematográficas e literárias pipocaram na internet, como uma contribuição do setor criativo à investida pela contenção da proliferação do novo coronavírus. Em Alagoas, um acervo de 261 filmes alagoanos está disponível gratuitamente no site www.alagoar.com.br, que mantém o banco permanente de filmes, como um incentivo à descoberta do cinema local.
Entre curtas de ficção, documentários e filmes experimentais, o extenso acervo salvaguarda produções de diferentes épocas, que acabam contando um pouco da história do audiovisual alagoano e também da história do estado. De acordo com a cineasta Larissa Lisboa, que integra a curadoria do site, o convite é para aproveitar o tempo em casa para descobrir o cinema feito por aqui.
“O espaço dedicado a dar ênfase às obras audiovisuais alagoanas on-line foi criado justamente pensando em incentivar o acesso e difusão dessas obras, temos reforçado que os filmes estão disponíveis, que temos curadorias criadas por colaboradores do site, indicando filmes e videoclipes, como também reforçamos que aceitamos sugestões de curadorias”, explica a realizadora.
O estudante Tarciano Gustavo, de 23 anos, diz que descobriu o site por meio de postagens no Facebook, justamente com convites para as pessoas assistirem e comentarem sobre os filmes alagoanos.
“Eu não conhecia o site e nem sabia que existiam tantos filmes e tão bons como os que assisti. Foi uma ótima surpresa. Com certeza irei passar no site mais vezes durante essa quarentena”, disse.
Larissa Lisboa aproveita para convidar realizadores audiovisuais a cadastrarem suas obras e crescer o acervo do site. O cadastro está permanentemente aberto e é gratuito, basta acessar a aba “cadastrar produção” e seguir as orientação. Ela também reitera o convite ao público.
“As obras audiovisuais proporcionam diálogos, identificação, troca de energias, são registros das nossas histórias e estímulos para continuidade do desejo de contar histórias, de compartilhar experimentações, de comunicar com o público, de abraçar e ser abraçado pela poesia visual, de mergulhar na paixão pela expressão artística”, diz.
ALAGOAR
O Alagoar é uma iniciativa independente, voltada à preservação da memória, à divulgação e à formação audiovisual, com foco no audiovisual alagoano. O projeto nasceu em 2008, a partir de um trabalho de pesquisa e catalogação da videomaker Larissa Lisboa. Em 2015, o projeto se tornou um site, que hoje é a mais importante janela do audiovisual local. De acordo com a idealizadora, a iniciativa está aberta para colaborações voluntárias e coletivas.
NÃO DEIXE DE ASSISTIR
Destacamos alguns filmes alagoanos que integram o extenso acervo do site. Confira.
Sol Encarnado (2013)
Sinopse: Influenciado pelas coisas que ouve no rádio, Rapaz do interior inicia uma jornada em busca de um futuro e um destino melhores na cidade grande. Mas o rapaz não ouviu no rádio que a cidade não é o paraíso, aqueles são tempos difíceis para os que sonham e nem todos são donos do próprio destino. Ficção / Direção: Pedro da Rocha.
Mamãe Yes! (2014)
Sinopse: O filme Mamãe Yes! faz um registro da trajetória do tradicional bloco de carnaval alagoano Filhinhos da Mamãe. Conta com depoimentos dos atores Ronaldo de Andrade, Homero Cavalcante e José Márcio Passos, além da museóloga Cármen Lúcia Dantas e do artista plástico Denis Matos. Documentário / Direção: Vera Rocha Oliveira.
Memórias de um herói de carnaval (2016)
Sinopse: Produzido a partir de um depoimento de Pedro Tarzan (Pedro Ferreira Auta), uma das mais importantes e reconhecidas figuras dos carnavais de rua de Maceió, entre os anos de 1950 e 1980 do século passado. Documentário / Direção: Pedro da Rocha.
Chimarrão, rapadura e outras histórias (2014)
Sinopse: Filme acompanha uma visita de Hermeto Pascoal à sua cidade natal, Lagoa da Canoa. Documentário / Direção: Rafhael Barbosa.
Jorge Cooper (2013)
Sinopse: O filme persegue os vestígios deixados por Jorge Cooper, poeta alagoano que viveu em descompasso com sua época, para elaborar um retrato em forma de documentário. Dono de uma poesia concisa e de uma personalidade forte e irônica, tinha o conflito com o tempo como um de seus temas obsessivos. Experimentou diversas solidões e transformou-as em poesia. Documentário / Direção: Victor Guerra Araújo.
O que lembro, tenho (2012)
Sinopse: A idosa Maria vive num apartamento de classe média aos cuidados da filha Joana. Os sintomas de demência senil transportam Maria no espaço e no tempo, obrigando-a a reviver episódios de sua vida no interior alagoano. Enquanto a mãe é tomada por uma regressão gradativa, Joana assiste impotente ao seu distanciamento. Ficção / Direção: Rafhael Barbosa.
Acesa (2020)
Sinopse: Experimental de videodança - - Este vídeo faz parte da construção de “Curral”, filme dançado por Kamilla Mesquita e Nivaldo Vasconcelos. Direção: Nivaldo Vasconcelos.
Ontem à Noite (2013)
Sinopse: O filme narra a história de dois personagens que aparentemente ocupam espaços e posições contrapostas, mas que se tocam pelo viés do desejo. Sujeitos que escapam da vida planejada, Felipe e Vivian extraviam-se, põem-se à deriva e tem sua condição de vítima evidenciada por uma fatalidade. Ficção / Direção: Henrique Oliveira.