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Caderno B

ALAGOAS EM HISTÓRIAS

Projeto da Academia Alagoana de Letras rememora os bons tempos da Praia da Avenida, em Maceió, e conta histórias de municípios alagoanos

Por MARIA CLARA ARAÚJO*/ ESTAGIÁRIA | Edição do dia 03/07/2020

Matéria atualizada em 03/07/2020 às 06h00

Foto: Acervo pessoal
 

Com a paralisação das atividades, decorrente da pandemia do novo coronavírus, a Academia Alagoana de Letras (AAL) usa os meios digitais para dar continuidade aos seus projetos. O “Alagoanidades”, um dos três projetos lançados pela AAL durante o período de isolamento social, segue sua programação com o intuito de explorar e mostrar cada vez mais a cultura e a história alagoana, a fim de manter viva a história oral do nosso estado. O projeto “Alagoanidades” busca um resgate da cultura alagoana pela história dos nossos estado. Oito pessoas irão participar da iniciativa contando a história da sua cidade e suas riquezas culturais. Lugares como: Penedo, Murici, Piranhas, Maragogi e Anadia, estão na lista. A capital do estado, Maceió, vai mostrar além de suas belezas naturais, de acordo com a organização. O projeto estreou dia 20 de junho com a participação do Dr. Milton Hênio contando um pouco sobre a história do Parque Gonçalve Lêdo, que recebeu esse nome em homenagem a um político e jornalista carioca, Joaquim Gonçalves Lêdo, que foi um dos artífices do movimento pela independência do Brasil. Na programação desta semana do Alagoanidades, o acadêmico Vinícius Maia Nobre falou aos alagoanos sobre as histórias de pioneirismo do bairro do Trapiche da Barra, em Maceió, que chegou a ser porta de entrada e saída da capital alagoana décadas atrás; além dele, o acadêmico Carlito Lima trouxe uma mensagem sobre a “Avenida da Paz que eu vivi”.

O escritor e acadêmico Carlito Lima conta um pouco da história da centenária Avenida da Paz e compartilha como foi sua infância na Praia da Avenida. Apesar do Brasil não ter participado da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando a mesma chegou ao fim, em 1918, o prefeito Firmino Vasconcelos levou o município ao delírio ao comemorar o fim da guerra com uma grande festa na Praia do Aterro, que ia do Jaraguá até a Praça Sinimbú. Em seu discurso ele prometeu que naquela praia construiria uma avenida que levaria o nome de “Avenida da Paz”. Em 1920, o prefeito cumpriu sua palavra e construiu a Avenida. Em 1928, no entanto, o prefeito Jaime de Altavila, começou um processo de urbanização na avenida da Paz, o que atraiu a burguesia, principalmente pela vista deslumbrante da Praia da Avenida. Nascido em 1940, Carlito conta como foi sua vida pela avenida; “Pra mim a praia mais bonita do mundo é a praia da Avenida, onde eu nasci e me criei. Tomei banho e pesquei naquele salgadinho e tive toda minha mocidade na Praia da Avenida”, Conta Carlito.

O escritor conta também sobre o que aconteceu para o riacho Salgadinho hoje ser tão poluído. “Em 1970, teve um êxodo rural muito grande, devido a chegada das máquinas no campo, muitas famílias tiveram que procurar outro lugar. Eles se instalaram no Vale Reginaldo do Salgadinho, que hoje tem mais de 20 mil casas poluindo o salgadinho e que acabou poluindo a Praia da Avenida. É o maior problema ambiental que nós temos e, apesar de ter muitos projetos para mudar isso, nunca fizeram nada”, explica Carlito Lima. No ano de 1995, Carlito Lima organizou o movimento “Abraço o Salgadinho”, no intuito de chamar atenção para aquele problema ambiental que se agravou cada vez mais ao longo dos anos. Na programação do Alagoanidade também haverá a história “A épica viagem dos jangadeiros alagoanos ao Rio de Janeiro em 1922”. O bairro de Pajuçara não vai ficar de fora, assim como o bairro de Bebedouro e Pinheiro. “Apesar da situação triste que estes dois bairros se encontram, o assunto dos vídeos será completamente otimista, para recordar dos tempos antigos e das memórias que ainda habitam pelas ruas desses bairros”, garante Rostand Lanverly. Os vídeos estarão disponíveis no canal do YouTube da Academia Alagoana de Letras, e a cada dois dias é lançado um vídeo novo com diversas histórias.

*Sob supervisão da editoria de Cultura

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