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Caderno B

IMPACTOS NA MÚSICA

Pesquisa expõe consequências da pandemia de Covid-19 para músicos e demais profissionais do segmento; dados devem orientar ações da Lei Aldir Blanc

Por DIMITRIA PIMENTEL*/ ESTAGIÁRIA | Edição do dia 22/09/2020

Matéria atualizada em 22/09/2020 às 05h00

Foto: Marko Milivojevic
 

O Grupo de Trabalho de Pesquisa, do Fórum da Música de Maceió, elaborou o segundo questionário para coletar dados sobre a situação atual da cadeia produtiva de música em Alagoas durante a pandemia da covid-19. O formulário com as perguntas ficou disponível online pelo período de 21 dias, entre 20 de agosto e 10 de setembro. O questionário foi utilizado como um instrumento formal para coleta de dados e operou como uma pesquisa quantitativa buscando compreender, numericamente, os impactos da pandemia da Covid-19 no setor cultural. Além disso, foi possível obter dados sobre o cenário de um modo geral. Foram observados quais trabalhos, produtos e conteúdos relacionados à música merecem mais atenção e devem ser financiados em editais a partir da resposta de cada artista. “A pesquisa surgiu como uma necessidade de ter dados mais conclusivos na hora de dialogar tanto com a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), quanto com a Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult/AL), sobre a situação que o músico se encontra na pandemia, e como base para as ideias a serem passadas para esses órgãos”, conta Filipe Mariz, membro do Fórum e um dos proponentes da pesquisa. No mês de abril foi realizada uma pesquisa inicial para observar a situação, ainda no começo da pandemia. O questionário, no entanto, atingiu apenas 126 respostas, num estado que respira cultura. No segundo formulário, houve 159. O número não foi satisfatório para os realizadores da pesquisa, mas ainda assim eles dizem que os dados conseguem traduzir parte da realidade complexa que os músicos alagoanos vivenciam. “Esperávamos mais respostas, que os músicos e pessoas da cadeia produtiva da música se envolvessem mais com essa coleta de dados, mas temos consciência que as respostas atendem uma grande parte do segmento e deu para ter as conclusões e comparações entre abril e hoje”, completa Mariz. A partir do segundo formulário foi possível constatar que mais de 80% dos músicos alagoanos estão atualmente sem renda, por diversos motivos. Esse fato revela o forte desgaste que a pandemia causou no setor e como a retomada lenta e gradual dos shows e apresentações, ainda sim não contempla todos os necessitados. Os dados coletados irão ser utilizados, para além do mapeamento, para estabelecer um diálogo mais amplo e inclusivo com os órgãos responsáveis pela cultura no estado e definir propostas e ações do Fórum da Música de Maceió, principalmente as que buscam orientar novos editais na área da música. Entre eles, os editais que serão financiados como ações de fomento pela Lei Aldir Blanc, de 29 de junho de 2020. “A primeira pesquisa foi entregue à Secult e apresentada aos fóruns e Conselho Municipal de Políticas Culturais, nesta segunda estamos elaborando o relatório para entregarmos aos meios de cultura.” Antonio Oiticica, representante do Fórum, acrescenta que “a pesquisa tem como intenção atingir a cadeia produtiva a nível estadual, rompendo com uma clássica cobertura que somente inclui a capital Maceió e Arapiraca como campos de análise”. Essas duas cidades foram, sim, as mais selecionadas no questionário, mas dessa vez houve uma forte participação de municípios mais distantes e menos favorecidos em políticas públicas, que muitas vezes contemplam apenas a capital, como Feira Grande, Porto Calvo e Piranhas. Os representantes do Fórum ainda complementam que as ações estão garantindo resultados, uma vez que o diálogo com os órgãos de cultura tem proporcionado um melhor esclarecimento sobre o meio artístico em Alagoas. “O fórum tem tido voz, tanto a Fmac quanto a Secult tem dialogado conosco. Temos coletado as demandas e pedidos dos músicos e estamos fazendo essa ponte entre o segmento música e o município/estado”, diz Filipe Mariz. Segundo Laís Falcão, integrante do GT Pesquisa do Fórum, “é preciso que os trabalhadores do segmento de música do estado respondam ao questionário para que possamos mostrar para a sociedade alagoana, e para organizações públicas e privadas, que o setor abrange muitas pessoas, tem peso e importância na construção coletiva de arte e cultura alagoana”.

*Sob supervisão da editoria-geral

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