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Maceió,
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Caderno B

DE VOLTA AO JARAGUÁ

Saiba como foi a retomada da vida noturna no bairro histórico de Maceió e a volta das discussões sobre a ocupação das ruas do Jaraguá por iniciativas culturais

Por MAYLSON HONORATO | Edição do dia 24/10/2020

Matéria atualizada em 24/10/2020 às 04h00

Foto: Divulgação
 

As ruas estreitas sombreadas pelos prédios que guardam tantas histórias, as luzes amareladas que pintam os paralelepipedos, a brisa, o clima de um bairro à beira-mar. O Jaraguá, bairro histórico de Maceió, voltou a ter a boemia que lhe é peculiar compondo esse charmoso cenário, depois de quase sete meses sem vida noturna, com estabelecimentos fechados e aglomerações proibidas, devido às restrições decorrentes da pandemia do novo coronavírus. Foi na última quarta-feira, 21 de outubro, ao som do jazz do The High Club e de risos folgados, que o “novo normal” do Jaraguá foi oficialmente inaugurado, na porta do Rex Bar. Trata-se do projeto “Quartas do Jazz”, que aproveitou a ânsia pelos reencontros físicos para trazer de volta a tradição das noites de jazz no Rex Bar, recriando o clima da chamada Praça do Rex. O público comprou a ideia. “Foi algo que o coração de muita gente tava esperando. Porque o Rex, lá na Praça do Rex, tinha aquela coisa da pracinha e do bar. A praça agregava muito mais gente que o bar em si. Aí quando vem essa proposta de jazz novamente, no Rex Bar, que é o recanto do jazz, e com mesas nas calçadas… acho que as pessoas começaram a passar e ver aquela movimentação, e aí foram parando. E encheu, tava todo mundo respeitando o distanciamento, cada grupo na sua mesa, mas encheu”, relata Carla Mendes, que frequentava a Praça do Rex e compareceu à primeira noite do novo projeto. O artista e produtor Filipe Mariz conta que ele e o sócio, Marcos Bruno, pensaram em retomar as noites de jazz, com o público ao ar livre, por parecer que o momento pedia aquele clima. A estreia, segundo ele, foi importante para confirmar o desejo do público. “A ideia surgiu da necessidade de reviver esse movimento do Rex, em que as pessoas se reuniam na praça para apreciar uma boa música. Era um ponto de encontro para pessoas de todas as tribos e todas as idades”, relata. “Estamos muito felizes com a aceitação do público, com o engajamento, sentir o carinho das pessoas dizendo ‘tô feliz porque o Rex tá de volta’”, completa Mariz. O retorno em grande estilo do Rex Bar, marca a volta da vida noturna ao bairro Jaraguá e a retomada da discussão sobre a ocupação daquelas ruas por iniciativas culturais. Para Carla Mendes, o clima de saudade dos amigos e saudosismo pela vida noturna marcaram o primeiro rolê depois de meses de distanciamento. Abraços foram inevitáveis. “Era um sentimento de felicidade, uma coisa geral, os amigos se encontrando. As pessoas se abraçaram, de máscara, mas se abraçaram. A grande questão foi poder estar ao ar livre, com pessoas, interagindo. Nossa, desde março os amigos não se viam. Foi bem legal. Teve gente que marcou de se encontrar, mas também teve gente que foi como antigamente, sem marcar nada, e deu bom, reviu os amigos”, diz, sem esconder a empolgação. “Todo mundo falou da saudade que estava, da Bienal, do clima que existia no começo do ano e do movimento de ocupar as ruas [do Jaraguá], saudosismo do Banga Bar, as pessoas ficavam na escadaria da Associação Comercial... Essa geração que frequenta o Rex, que viu o Jaraguá, tem sempre a esperança de que o Jaraguá volte a ser um lugar onde a gente possa andar livremente”, ressalta. A esperança de uma vida noturna ainda mais fervente no Jaraguá é compartilhada pela moradora Claudia Leite, que se mudou para o bairro durante a pandemia. Antes, a jornalista morava na parte alta da capital. “Eu sempre quis morar aqui no Jaraguá, justamente por esse clima cultural que ele carrega. Me mudei no período da pandemia, quando tava tudo fechado… Então, agora é que vou começar a curtir mesmo a região”, diz. “Acho legal ter essa reabertura, desde que respeite os cuidados e o número de pessoas, acho muito bacana. Principalmente porque o bairro já tem tão poucos espaços assim, vai ajudar a dar mais vida e também ajudar os pequenos empresários, que sofreram bastante nesse período”, completa Claudia.


Foto: Divulgação
 

RETOMADA

Além das noites de jazz, que ocorrerão sempre às quartas-feiras, o Rex Bar terá outros atrativos, de acordo com o produtor Filipe Mariz. As quintas serão dedicadas ao karaokê e as sextas e sábados à música pop e ao rock. No próximo mês, a ideia é voltar a realizar shows especiais e festas. De acordo com Mariz, o Rex foi um dos últimos bares a retomar as atividades. “Todos o bares, a Amélia Rosa inteira, todos abriram, mas a gente precisava segurar mais um pouco e voltar com segurança, com as mesas e cadeiras, com uma proposta organizada. Temos um público bem esclarecido, as pessoas ficam sentadas, usam máscara, respeitam o distanciamento, temos essa facilidade. Também temos álcool em gel em todas as mesas, aferição de temperatura, tudo certinho”, diz. O produtor também explica que nas noites de karaokê, as espumas dos microfones serão individualizadas, uma outra medida para dar mais segurança ao público. Além do Rex, casas de shows e boates do Jaraguá também voltaram a funcionar essa semana. Uma das boates está divulgando um calendário de festas nas redes sociais, inclusive festas de halloween e até feijoadas.

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