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Nº 5693
Caderno B

O NOME DELA É LLARI

FAIXA A FAIXA: Artista alagoana comenta cada uma das canções que integram ‘Llari’, seu álbum de estreia; disco produzido por Donatinho mistura R&B com ritmos populares

Por Maylson Honorato | Edição do dia 27/02/2021

Matéria atualizada em 27/02/2021 às 04h00

| Divulgação

Reggaeton, carimbó, samba, R&B, coco de roda, pop - tem um pouco de tudo isso nas 5 faixas que integram o álbum ‘Llari’, lançamento autointitulado da artista. Mas o que sobra mesmo no CD é swing alagoano e muita personalidade.

O disco tem um objetivo bem claro: apresentar os tons solares, dançantes e plurais que a cantora carrega, com referências que vão de Ella Fitzgerald até Daft Punk, Djavan e Fino Coletivo. Com produção de Donatinho, filho de João Donato, o projeto também é uma reverência à música negra.

“Música é luz em acorde. Swing. Melodia. Acima de tudo, um sentimento vitalício de entusiasmo, esperança e alegria. É sobre isso que eu reflito, danço e canto”, afirma a cantora sobre o lançamento, que chegou às plataformas digitais no dia 15 de fevereiro.

“Minhas influências são Djavan, Mayra Andrade, Luedji Luna, Gal Costa, Maria Bethânia e, sobretudo, os ritmos folclóricos da minha terra. De alguma forma, tudo isso está no meu álbum”.

Estão, entre as tracks desse registro, composições, parcerias e participações especiais de artistas como Manoel Cordeiro e Natália Matos, do Pará, Hélio Ramalho, do Cabo Verde, Davi Moraes, do Rio de Janeiro, Wado, Alvinho Cabral, Junior Bragazion e Pedro Soares, conterrâneos da cantora, além do próprio carioca Donatinho.


FAIXA A FAIXA

A aventura de Larissa Gleiss na música começou na sala de casa, ainda na infância, quando passava as tardes ‘brincando’ de karaokê. Depois, vieram as aulas de canto, os festivais, participações em programas de calouros e vários anos à frente da orquestra High Society. Agora, as inúmeras referências que moldaram a voz e a personalidade da alagoana podem ser conferidas no primeiro lançamento solo da artista, o EP ‘Llari’.  O nome Llari surgiu pouco tempo atrás, depois de a cantora ler um livro sobre a americana Ella Fitzgerald.

“Desde o ano passado estamos trabalhando nesse EP e tenho muito orgulho de dizer que participei de tudo, de cada etapa, da base, das melodias e das letras também”, revela Llari, que, a pedido do Caderno B, comentou cada uma das 5 faixas que compõem o disco.


TARA

Composição de Pedro Soares, Junior Bragazion e LLari, a faixa é a primeira impressão que o ouvinte terá.

“A canção que inicia o disco mergulha em referências sonoras das décadas de 80 e 90. Soul, R&B e lo-fi se encontram através de elementos como bateria eletrônica e sintetizadores. A poesia também se faz presente na relação da cantora com seu próprio corpo, fazendo com que a música atinja um nível metalinguístico. Ela nos é apresentada como uma sedutora misteriosa, poética e apaixonada.”


CALOR

A composição de Natália Matos, Donatinho, Llari  e Pedro Soares fala de festa e mistura afropop com a tradicional guitarrada paraense, brilhantemente representada por Manoel Cordeiro, um dos nomes mais influentes e celebrados da música popular.

“‘Calor’ é dança, movimento, suor e provocação. Esse som é divertido, ‘inocente’ e ‘swingado’ que nem o brasileiro. Quando canto, estou chamando quem ouve para brincar e se jogar na roda comigo.”


É ASSIM

“A canção composta em português por Pedro Soares e em Crioulo (dialeto originário de Cabo Verde) por Hélio Ramalho, conecta Brasil e Cabo Verde com um belíssimo jogo de comparações que simbolizam as semelhanças existentes nos costumes, tradições e rituais dos dois lugares, como se, mesmo separados por um oceano, ainda assim mantivéssemos um elo nos conectando. A própria música, em suas misturas, acaba virando a personificação artística que comprova esse laço. Vale lembrar que as guitarras dessa faixa foram gravadas pelo gênio Davi Moraes.”


TRANQUILO (COCOTON)

Canção composta por Wado - que dispensa apresentações, com participação de Pedro Soares, Llari e Donatinho, a faixa reforça a rítmica apimentada advinda da mistura de afro pop, reggaeton, coco de roda e toda essa fusão África/Brasil que permeia o disco. A música possui todos os elementos de um mega hit: linguagem descontraída, feliz, beats maduros e um refrão daqueles que gruda.

“Tenho pensando muito nas semelhanças que existem entre as raízes do nosso som e a dos ritmos africanos. Não só musicalmente, na verdade. Toda uma cultura alinhada a essa identidade que se mistura é a principal influência do meu fazer artístico. Nesse projeto, trago a ideia de que, mesmo separados por quilômetros de mar, estamos mais pertinho do que imaginamos.”


ESQUINA DE BAMBA

“A canção desconstrói uma métrica de samba clássico, diluindo-a em beats maduros e timbres. A sonoridade da canção nos remete às da banda alagoana/carioca ‘Fino Coletivo’, grupo encabeçado por Alvinho e que teve a participação de Donatinho nas gravações do aclamado álbum Copacabana”, finaliza Llari ao comentar a faixa composta por Alvinho Cabral, Llari, Donatinho e Pedro Soares.

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