2 mulheres à frente do projeto, 94 filmes selecionados, 13 temáticas, 6 oficinas e 1 festival para celebrar os 100 anos do audiovisual alagoano. Esses são alguns números do Festival Alagoanes, que começou ontem, 22 de março, e segue até o dia 20 de abril. Durante esse período, o público poderá ter um vislumbre da produção audiovisual local e conferir filmes de realizadores que abriram caminhos e dos que seguem desbravando esse ofício: o de contar histórias e registrar os tempos.
O festival ocorre online, com acesso totalmente gratuito e foi contemplado com o Prêmio Professor Elinaldo Barros, que é parte do conjunto de ações emergenciais destinadas ao setor cultural de Alagoas, via Lei Aldir Blanc. Para conferir a programação completa e os filmes, basta acessar www.festivalalagoanes.com.br.
Os filmes selecionados pela iniciativa são produzidos e dirigidos por pessoas alagoanas, ou radicados no estado. O projeto surge do desejo de Larissa Lisboa em celebrar o centenário, e do encontro com Karina Liliane. De acordo com as realizadoras, a parceria fez com que o projeto tomasse corpo e pudesse ser realizado este ano.
“Como o foco é celebrar e dialogar com todes que apreciam o audiovisual alagoano, abraçamos a linguagem neutra e batizamos o projeto como Festival Alagoanes”, diz Karina, explicando a escolha do nome do projeto.
“O Festival se dá completamente de forma online. Todas as ações que fazem parte do projeto foram e serão realizadas dessa forma. No todo, o Alagoanes vem desenvolvendo suas ações desde janeiro e seguirá com programação até maio, mas a mostra de filmes terá duração de 30 dias consecutivos”, completa Larissa Lisboa.
Os títulos que constituem a mostra comemorativa permanecerão disponíveis pelos próximos 30 dias, como mencionado acima, com exceção de Cavalo (Rafhael Barbosa e Werner Salles) e de A Barca (Nilton Resende). Além dos filmes selecionados, a curadoria convidou produções que dialogassem com as temáticas, construídas durante o processo de curadoria.
“O desafio do Alagoanes é justamente apresentar gestos que nos façam refletir sobre o fato de que há 100 anos Guilherme Rogato teve seus primeiros filmes exibidos em um cinema. Qual a importância do que foi investido por cada indivíduo alagoano, que reside ou residiu em Alagoas, que dirigiu e produziu um filme reconhecendo o mesmo como alagoano? Ao vislumbrar hoje o catálogo do Alagoar com mais de quinhentos filmes alagoanos, que importância tem e qual importância se dá?”, provoca Larissa Lisboa.
As temáticas nas quais os filmes estão divididos são: Corpocidades, Diversa, Imagem em Ação, Imaginatividades, Insurgências, Inventividades, Isolamento, Memória, Mulheres, Memória do Cinema Alagoano, Personalidades, Terreiros e Toré. Ao acessar cada uma delas, é possível compreender como elas foram estruturadas pela curadoria.
“Convidamos a celebrar, com foco na memória, na formação, na exibição, na presença e na ausência de incentivo, dando visibilidade, e atentos às invisibilidades também, compreendendo que ter o projeto do Festival Alagoanes contemplado no Prêmio Elinaldo Barros, na Aldir Blanc, nos possibilitou construir uma escrita textual, visual, audiovisual e sonora que buscamos alinhar com o centenário, também nos provocando a nos permitindo reverberar a importância do centenário e do que pode ser construído agora”, pontua Karina Liliane.
ALAGOAR
O Alagoar (alagoar.com.br) é considerado a maior janela do audiovisual alagoano e mantém um acervo permanente de produções, além de notícias e críticas sobre os lançamentos no estado. O Festival Alagoanes é um desdobramento do projeto, que completa seis anos no dia 30 de março.
O site/projeto surgiu a partir de pesquisa de Bruna Queiroz e Larissa Lisboa, como Trabalho de conclusão de Curso da graduação em Comunicação Social, e saiu do papel pelas mãos de Larissa Lisboa e Amanda Duarte.
“O Alagoar é uma iniciativa independente, voltada à preservação da memória, à difusão e à formação audiovisual, com foco no audiovisual alagoano. Que se empenha em renovar a disponibilização de espaços abertos à colaboração daqueles que desejem mergulhar no audiovisual alagoano e brasileiro, compartilhando informações, impressões, entre outros”, explica Lisboa.
“Entre 2015 e 2020, o Alagoar foi mantido e todas as ações foram realizadas a partir de colaborações voluntárias. Estamos vivenciando esse momento ímpar ao termos dois projetos financiados com recursos federais, Webinário: Cultura e Cinema, que foi realizado em fevereiro (pelo Prêmio Vera Arruda) e o Festival Alagoanes (pelo Prêmio Elinaldo Barros) que estamos realizando agora. O desejo é que o Alagoar siga realizando ações e persista na medida que for possível”, completa a realizadora.
Karina Liliana completa, enfatizando que o Alagoanes se manteve atento à questões latentes, principalmente neste momento pandêmico: “O Alagoar celebra o audiovisual alagoano, resistindo como janela para as obras e para todes que desejem colaborar com o audiovisual em Alagoas há seis anos. Admiramos os trabalhadores do audiovisual alagoano e nos empenhamos em difundir seus trabalhos. Temos consciência de que estamos vivendo um momento profundamente desolador em Alagoas, no Brasil e no mundo. Tememos pela desestruturação social e política, acompanhamos a precariedade de recursos culturais, mas seguimos na esperança de que o fazer artístico pulse mais forte em todos aqueles que se propuserem a dialogar com a arte”.
AÇÕES FORMATIVAS
Além da mostra de produções audiovisuais, a programação do Festival Alagoanes é composta por ações formativas, debates com os realizadores e mesas-redondas. Tudo realizado de forma online. Ao todo, o festival ofertará 6 ações formativas e duas delas já foram realizadas (Curso de Curadoria e Oficina de Crítica de Arte). No momento, as oficinas “Cinema de Guerrilha” e “Devires negros e indígenas no cinema brasileiro e alagoano” estão com inscrições abertas e as fichas de inscrição de cada uma delas podem ser acessadas pelo link na bio do Instagram do Alagoar (@alagoar).
Os debates e mesas ocorrem no formato de lives, por meio do canal Alagoar no YouTube. Por lá, a programação segue, de segunda a sábado, até o encerramento da mostra.