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Caderno B

UM CABOCLO INTERGALÁTICO

Ruy Guimarães lança ‘Alavantu’, EP que mistura batidas eletrônicas com ritmos nordestinos; em rimas ágeis, rapper faz críticas sociais e traz até “Rick e Morty” como referência

Por MAYLSON HONORATO | Edição do dia 06/04/2021

Matéria atualizada em 06/04/2021 às 04h00

Coco de roda, baião, xote e forró. Esses são apenas alguns dos ritmos nordestinos identificados em um álbum de… rap. No álbum Alavantu, do alagoano Ruy Guimarães, também conhecido como Ruimaraes, o rapper aposta em letras duras, com críticas sociais e estruturais, mas que flertam com a natureza alegre e romântica da música nordestina. O EP, lançado no último dia de março, está disponível em todas as plataformas digitais

Ruy já tinha em mente, desde o início da carreira solo, que misturar o rap a diversos elementos era a sua marca registrada. Neste extended play, é o forró que se torna mais presente nas melodias, em faixas que utilizam instrumentos como zabumba, triângulo e, principalmente, a sanfona. Eles se misturam com batidas eletrônicas e rimas rápidas, em busca de um som despretensioso e novo.

Ruimaraes explica que, além de exaltar a região Nordeste, também enaltece alguns artistas, como Jackson do Pandeiro, Chico Science, Dominguinhos, Luiz Gonzaga e o alagoano Jacinto Silva, que foi sua maior inspiração para este recente trabalho.

“Aprendi com o saudoso Chico Science que é possível que as tradições regionais se apropriem de influências estrangeiras. E isso é refletido em todas as minhas músicas. É uma forma de valorizar, reconhecer e apoiar a tradição, mas também ser livre para expandir, criar e inovar”, detalha.


Foto: Maylson Honorato
 

O EP conta com duas participações, uma do cantor alagoano de MPB, Júlio Uçá, na música “Caboclo intergaláctico e seu baião”; e outra da cantora Ju Souza, em “De longe (xote lo-fi)”.

Mais uma vez, Ruy produziu toda a obra, compondo e cantando todas as faixas. Já a gravação de voz e a mixagem e masterização ficaram a cargo de Tiago Godoi.

Alavantu é o segundo EP do artista e chega ao mercado menos de 1 ano depois do primeiro, o ‘Frida, rimas e álcool em gel’. Nesse primeiro, lançado em abril de 2020, Ruimaraes utilizou os impactos do isolamento social e da pandemia para cantar seus versos. No novo lançamento, o artista bebe da influência nordestina - e alagoana. Na faixa que abre o disco, destaca-se a homenagem de Ruy ao cantor e compositor alagoano Mácleim, um nome contemporâneo e de contribuição crítica e estética ímpar.

“Fazer esse EP foi um reencontro com minha infância e uma homenagem às minhas raízes, que tanto amo. Nasci em Teresina, no Piauí, mas morei em Maceió minha vida inteira. Minha mãe é pernambucana, minha avó de Palmeira dos Índios, meu avô da Paraíba, e por aí vai (...) tenho praticamente um pouco do Nordeste inteiro no sangue”.

Ruimaraes conta que, durante o processo de produção, foi mergulhando na história de grandes nomes da música, conhecendo novos artistas e explorando outros que já conhecia. “Fiz um estudo sobre os gêneros criados e o que as pessoas daquela época queriam expressar”, conclui, pontuando que já lançou cinco clipes: “Cheio de maluco”; “Eu te amo, peste!”; “Samba!”, “Clickbait”; e “Eu queria congelar”.


Foto: Divulgação
 

A arte da capa é assinada pelo ilustrador Enio Maciel e é inspirada na música “Caboclo intergaláctico e seu baião”, terceira faixa da obra. A arte ainda conta com referências à novela brasileira “Velho Chico” (Globo) e da animação estadunidense “Rick and Morty’’.

“Quando o Ruy me mostrou a letra, vi que era bem viajada e merecia algo mais maluco. A música fala de um homem que pegou um portal interdimensional. Utilizei elementos como um carro de boi, uma casa simples e uma árvore seca, para regionalizar. Me usei de modelo naquele ângulo do personagem central, posicionei a câmera em frente à rede que estava deitado, para pegar o ponto de perspectiva. Então decalquei a foto para usar como esboço”, explica Enio.



SERVIÇO: 


EP ‘ALAVANTU’ - DE RUIMARAES


Lançamento: 31 de março de 2021

Disponível nas plataformas digitais

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