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Nº 5821
TEM CORDEL NA BIENAL

LITERATURA DE CORDEL MARCA PRESENÇA NA 10ª BIENAL DE ALAGOAS

Gênero popular tem conquistado visitantes e também foi contemplado pelo lançamento do livro "Caçuá de Versos" do cordelista Cícero Manoel

Por Thauane Rodrigues* | Edição do dia 16/08/2023

Matéria atualizada em 16/08/2023 às 14h23

Autêntico e tipicamente nordestino, o cordel alagoano é uma das estrelas da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Além de estar presente no stande dos cordelistas alagoanos e membros da Academia Alagoana de Literatura de Cordel, a festa literária também contou com o lançamento do livro “Caçuá de Versos” do cordelista Cícero Manoel.


Sendo primordial para valorização da cultura nordestina e dos escritores alagoanos, a presença do cordel no evento possibilita que os cordelistas em atividade dentro do Estado proporcionem ao público da Bienal a possibilidade de se encantar com os versos e conhecer as diferentes gerações do cordel de Alagoas.


Feliz em ter vivenciado o lançamento de mais um livro dentro da programação da Bienal Internacional do Livro de Alagoas, Cícero Manoel afirma que momentos como esse mostram que o cordel está mais vivo do que nunca.


“Fiquei muito feliz em poder lançar mais uma vez um livro durante uma Bienal. O primeiro foi “Um cordel atrás do outro”, em 2017. É maravilhoso lançar um livro durante uma Bienal, pois ali é o principal ponto de encontro entre autor, obra e leitor. Esse espaço é muito importante para a valorização do cordel e de seus autores em nosso estado, além de mostrar que em Alagoas tem muitos cordelistas bons em atividade, desde daquele que está iniciando suas produções, ao veterano, com muitos anos de estrada, a exemplo de Jorge Calheiros e outros que lá se encontram”, disse ele.


Em “Caçuá dos Versos”, a quarta obra publicada de Cícero, o cordelista entrega ao leitor uma homenagem ao avô paterno, Manoel Alves de Oliveira, de 83 anos, considerado o maior artesão de caçuá da cidade de Santana do Mundaú.


“O título também soa a “diversos”, já que a obra é composta de diversos estilos da poesia popular, entre eles: cordel, poesia matuta, modalidades do repente, como o martelo alagoano e o Galope à beira-mar e até estilos clássicos, como o soneto”, explicou Cícero.


Composto por 40 poemas que abordam críticas sociais, erotismo, humor, metalinguagem, amor, a vida na roça, a seca, a política do interior, velhice, morte e muito mais, o livro para o autor apresenta um poeta mais maduro, além de expressar suas vivências no meio rural onde foi criado.


“Assim como meu avô,

Faz da arte seu xodó,

Dando vida ao caçuá,

No chão tecendo cipó,

Eu dou vida à poesia

Tecendo versos sem nó” — diz trecho do cordel que abre o livro.


O Caçuá de Versos de Cícero Manoel também apresenta ilustrações em estilo de xilogravura feitas por ele. Já a capa é uma arte feita para o livro pelo xilogravurista Jefferson Campos e conta com um texto de orelha feito pelo professor e repentista embolador Max Rocha, além de prefácio do professor e escritor Jeová Santana.


É possível adquirir a obra nos estandes da Academia Alagoana de Literatura de Cordel, Quilombada e Secult, presentes na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.


Pensando no futuro, o cordelista Cícero Manoel revela que já está com vários novos projetos encaminhados, incluindo uma coletânea de cordéis de gracejo que logo mais estará disponível para os leitores.


O EVENTO


A 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas começou no dia 11 e se estenderá até o próximo dia 20, das 10h às 22h, no Centro de Convenções Ruth Cardoso, em Jaraguá. O evento é uma correalização da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e do Governo de Alagoas, com patrocínio do Sebrae e apoio da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes).


Sob a coordenação da professora Sheila Maluf, o evento tem ainda apoio da Natura e do Instituto Natura, Hotel Ponta Verde, Empresa Júnior de Arquitetura e Engenharia Civil (Ejec) e outras instituições.


A expectativa da organização do evento é receber um público estimado de 400 mil visitantes durante os 10 dias de duração.


*Sob supervisão da editoria de Cultura

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