Gazeta de Alagoas
Pesquise na Gazeta
Maceió,
Nº 5821
OXENTE FUTURISTA

JANU MISTURA PSICODELIA COM CULTURA POPULAR EM CLIPE DE "CAIU NO POÇO"

Cantor e compositor arapiraquense segue trabalhando conceito do álbum Miolo do Oxente, lançado no ano passado

Por Maylson Honorato | Edição do dia 03/10/2023

Matéria atualizada em 03/10/2023 às 19h43

 

Foto: Fernanda Simões
 

Um ano após o excelente disco Miolo do Oxente (2022), o cantor e compositor arapiraquense Janu segue experimentando e desenhando uma estética própria, um “oxente futurista” que inspira e transpira alagoanidades. O artista acaba de lançar o clipe da faixa “Caiu no Poço”, que aprofunda dilemas existenciais humanos, brinca com sonhos e psicodelia. Seguindo a linha do seu último trabalho, Janu bebe de Mané do Rosário — manifestação da cultura popular de Alagoas —, mas se reinventa na mistura.

Natural de Arapiraca, agreste alagoano, Janu é um artista que consegue unir com maestria sua ampla gama de referências, indo facilmente do pop francês ao brega funk, de Beatles a MGMT, de psicodelia à cultura popular, fazendo com que seja impossível rotulá-lo como artista regional — pelo contrário: está mais próximo de ser universal. “Caiu no Poço”, que conta com participação do também arapiraquense Mago Véio, ilustra bem isso, buscando explorar novos limites sonoros e visuais para além das expectativas e do que se vê na cena local.

 

Foto: Divulgação

Enquanto “Vey”, primeiro single de Miolo do Oxente, busca apresentar uma saída, com uma mensagem positiva, para os momentos em que ruminamos demais os pensamentos ou limitamos nossas opções, “Caiu no Poço” é desafiadora, fala sobre o que acontece quando não conseguimos parar e acabamos afundando em um lugar meio turvo. Mas longe de ser depressiva e desestimulante, a canção também tenta confortar, mas nos convida a refletir sobre solidão e empatia com o próximo, e alerta: Não devemos ser da vida um mero esboço.

O videoclipe da faixa alterna entre um clima introspectivo, com imagens subjetivas que brincam com luz e sombra, e imagens de Poxim, povoado do município de Coruripe, litoral de Alagoas, cuja cultura inspirou Miolo do Oxente. O vilarejo é representado através de filmagens da Igreja de São José e do grupo do folguedo homenageado, caracterizado por pessoas dançando em homenagem ao santo padroeiro com roupas coloridas, saias longas, toalhas nos braços, chapéus de palha e véus que cobrem os rostos, o que remete a uma ideia de sonho em meio ao caos. Essa multiplicidade de imagens e simbolismos em conjunto traduzem a atmosfera mais densa e reflexiva de “Caiu no Poço”.

 

Foto: Divulgação

A música é de autoria de Janu e produção de Paulo Franco. O clipe foi dirigido pelo próprio artista e roteirizado por, além de Janu, Iago Caíque e Rodrigo Cruz. A obra audiovisual foi produzida pela Lindeza Produções e Viella Filmes.

Janu já tem uma bela estrada trilhada na música. Tem colaborações com nomes importantes da cena de Alagoas no seu currículo, como Gato Negro, Danada, Ítallo e Wado, e alcançou repercussão nacional com EP Matuto Urbano (lançado em 2011, ainda como Janu e os Matutos Urbanos) e o disco de estreia, Lindeza (2015). O músico já teve canções em trilhas de filmes, como “Perdi La Night”, presente no filme Morto Não Fala (Denninson Ramalho, Globo Filmes), e “Teu Sorriso” no filme O Retirante, de Tarcisio Ferreira, e no especial de 80 anos de Pelé. Plural e versátil, Janu explora o universo dos pops - o pop pop e o pop popular.

O clipe está disponível no YouTube e o álbum completo pode ser conferido em todas as plataformas digitais de música.

Confira:

 

Seria o esquecimento mais temido que a morte?, questiona Janu em “Caiu no Poço”, terceira música do seu disco mais recente, Miolo do Oxente (2022). A obra au... Janu


Mais matérias desta edição