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Maceió,
Nº 5693
Miséria absoluta

MORADORES DE FAVELAS RELATAM LUTA DIÁRIA PARA SOBREVIVER

Alagoanos que vivem abaixo da linha de pobreza sofrem para ter acesso a itens básicos; situação atinge 40% da população do Estado

Por william makaisy | Edição do dia 08/11/2019

Matéria atualizada em 08/11/2019 às 14h18

Foto: Felipe Nyland
 

Na quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um levantamento apontando que mais de 40% da população alagoana vive em condições de pobreza, com uma renda mensal menor que R$ 145,00, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do instituto. Os dados são referentes ao ano de 2018 e este é o segundo maior percentual do Brasil.

Segundo Zenilton, morador de Sururu de Capote, uma das áreas mais pobres de Maceió, eles não vivem, apenas sobrevivem. “A dificuldade nós passamos constantemente. Trabalho com sururu e com a venda de produtos de limpeza para conseguir sobreviver. Agora com a diminuição no preço do sururu é que ficou ainda mais difícil. Nunca recebi nenhum tipo de ajuda do governo, aqui sou eu e minha mulher para tudo”, contou Zenilton de Jesus, que complementou: “Fome graças a Deus nunca passei, mas já precisei dividir um ovo com minha mulher porque não tínhamos dinheiro para comprar dois.”

Os moradores contam que a situação é difícil e que às vezes faltam até roupas para vestir. “Eu vivo aqui com meu marido, ele costuma fazer “bicos” para sobreviver, e eu trabalho com o sururu. Não mentirei, não dá para viver dessa forma, sempre está faltando alguma coisa. Comida às vezes não temos, e quando temos é pouco para os dois. Já cheguei a não ter o que vestir. É realmente difícil”, contou Lucineide de Oliveira.

“Eu costumo dizer que aqui nós apenas sobrevivemos, e com muita dificuldade. ‘Empurrando com a barriga’, podemos falar assim. Meu marido é aposentado e trabalha como pescador, mas recebe muito pouco, eu tento ajudar ele como posso, normalmente através do sururu, mas até isso é difícil, sou uma mulher de idade já, assim como ele”, disse Maria Cicera.

De acordo os dados, Alagoas fica abaixo apenas do Maranhão, estado que obteve o maior percentual de pessoas com rendimento abaixo da linha de pobreza, ficando em torno de 53,0%. Baseado nesses dados, cerca de 10% da população alagoana ainda vive abaixo da linha da pobreza.

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