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Diversão

PRAZER E SAÚDE: USO DE BRINQUEDOS SEXUAIS CRESCE ENTRE ALAGOANOS

Além das lojas físicas, dá para optar também pelo delivery, que garante comodismo e discrição

Por WILLIAM MAKAISY, ESTAGIÁRIO | Edição do dia 18/01/2020

Matéria atualizada em 18/01/2020 às 04h00

Na tendência do autoconhecimento sexual e do empoderamento feminino, os sex shops vêm ganhando cada vez mais fama como um novo modo de dar - e proporcionar - prazer. Considerados por muitas pessoas como um ‘tabu’ ao longo de diversos anos, os brinquedos sexuais, que possuem diversas funções, desde o relaxamento até mesmo a melhora na saúde, têm caído no gosto dos alagoanos. Segundo a sexóloga e dona de um sex shop Zoelma Lima, a população está se abrindo mais ao prazer e começando a gozar das coisas boas da vida.

E, de acordo com ela, apesar de o autoprazer figurar como um assunto quase que secreto, sobre o qual as pessoas se restringem ao falar, a procura por brinquedos sexuais em Maceió vem surpreendendo e crescendo. “As pessoas estão abrindo mais a mente e evoluindo. Acho que essa é a era da descoberta do prazer. Menos censura e mais prazer, mas claro que ainda existe uma certa vergonha na procura”, conta sexóloga.

“Eu percebo que, mesmo com o aumento, as pessoas não chegam aqui pedindo o que querem; elas fazem rodeios para dizer. É como se fosse algum tipo de receio de julgamento. Os homens são mais diretos sobre o que estão procurando, tanto héteros quanto homossexuais. As mulheres ainda mostram um certo ‘medo’ de expor seus fetiches. Embora, devido ao meu sex shop aparentar ser uma boutique, algo mais elegante, acaba por atrair mais, porque elas não sentem esse medo de julgamento”, diz Zoelma Lima, que completa: “Levar a consciência e a sexualidade de forma limpa, elegante e leve, é isso que eu procuro.”

Alguns compradores, por vergonha ou falta de tempo, optam pelo comodismo dos serviços de delivery das lojas de brinquedos sexuais. “Algumas pessoas não têm tempo. A loja fecha às 19h, então eles marcam hora e eu fico aqui esperando ou então optam por comprar através do delivery, porque tenho um site, já que a procura está sendo grande, a ponto de começar a vender nacionalmente e não só aqui no Estado”, frisa a especialista em sexualidade.

“Para você ver como a procura está crescendo, o delivery está funcionando muito bem tanto em Maceió quanto nas cidades vizinhas. Atendemos da parte sul até a norte e vamos a Rio Largo também. As cidades mais próximas também tem uma boa procura, como Marechal Deodoro, por exemplo. E sempre com descrição, que é o que as pessoas que optam pelo delivery procuram”.

PÚBLICO FEMININO É MAIOR

É consenso que prazer é para todos, independente do gênero ou da sexualidade. Contudo, nos sex shops de Maceió, a predominância fica por parte das mulheres, que cada vez mais procuram formas de realizar seus fetiches e entendem que podem ser donas do próprio corpo.

“As mulheres, sem dúvida alguma, são a predominância nos sex shops. Eu diria que cerca de 85% do meu público hoje em dia é formado por mulheres. Boa parte chega aqui meio receosa, com medo de falar o que está procurando, mas com o decorrer do tempo, com a questão de entender que o prazer é normal e deve ser vivido, elas começam a se soltar”, ressalta a sexóloga.

Ainda de acordo com ela, apesar da diversidade de brinquedos presentes nas lojas, alguns continuam sendo os mais procurados entre o público de Alagoas que quer sair um pouco da rotina. “Os géis funcionais são os produtos mais procurados. Os géis que vibram, pulsam e esquentam são uma febre aqui. Depois deles vêm os lubrificantes e em terceiro lugar entram os géis para sexo anal. Por último, as próteses penianas”, relata.

E se engana quem pensa que os produtos sexuais não podem ser usados em prol da saúde. Zoelma Lima conta que muitos deles são utilizados inclusive por fisioterapeutas para tratar suas pacientes.

“São usados para trabalhar as mulheres que sofrem de dores durante a penetração, que é caso do vaginismo e da dispareunia. Há também os casos de anorgasmia, que é quando o indivíduo não consegue atingir o orgasmo e precisa de ajuda de terapeutas sexuais ou psicólogos, juntamente aos brinquedos sexuais”, aponta a sexóloga.

“Existem objetos que são sexuais e que ajudam no relaxamento da pessoa depois do sexo. Temos o caso do bullet, por exemplo, que é usado por fisioterapeutas para destravar a mandíbula quando o paciente sofre desse tipo problema, e é usado também para tratar dores de cabeça crônicas. Tudo isso pode ser tratado com um brinquedo criado para ser um objeto sexual, isso mostra como é uma questão de saúde também”, explicou a sexóloga.

O QUE DIZ A CLIENTELA

O ‘tabu’ em falar sobre sexo ou sobre masturbação não existe para Williane Henrique, que diz abertamente que gosta de se dar prazer, e não perde a oportunidade de apimentar sua noite com produtos sexuais, dos mais básicos ao mais complexos. “Eu uso tudo, gosto do prazer. Comecei devagar, era um pouco receosa quanto a essa coisa toda, mas hoje em dia entendo que eu sou a dona do meu prazer e do meu corpo. Até indico para as pessoas os melhores produtos”, disse a compradora assídua.

E se engana quem acha que só as mulheres que procuram as lojas sexuais. Os homens também figuram entre os compradores, como é o caso de Paulo César. “As pessoas estão mais livres para falar sobre sexo e sobre prazer, eu vejo essa mudança. Acho até que os filmes com essa temática foram os responsáveis por atiçar as pessoas para esse tipo de coisa. É como eu digo sempre: sexo nunca é demais, seja no autoconhecimento ou com uma parceria”, afirma.

*Sob supervisão da Editoria de Cidades.


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