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Cidades

CREMAL QUESTIONA NÚMERO DE MORTES POR COVID-19 EM AL

De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria do Estado da Saúde (Sesau) na sexta-feira (17), foram registradas mais duas mortes por coronavírus, subindo para sete o número em Alagoas. Também houve aumento expressivo no número de casos

Por ARNALDO FERREIRA REPÓRTER | Edição do dia 18/04/2020

Matéria atualizada em 18/04/2020 às 19h11

| Divulgação

De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria do Estado da Saúde (Sesau) na sexta-feira (17), foram registradas mais duas mortes por coronavírus, subindo para sete o número em Alagoas. Também houve aumento expressivo no número de casos confirmados da doença, passando de 89 para 110 , maior pico diário até agora. O número de mortes é questionado pelo presidente do Conselho de Medicina de Alagoas, infectologista Fernando Pedrosa, considerando parâmetro internacional que fixa como normal uma média de uma morte para cada 100 casos oficiais do vírus. “Deveríamos ter 700 casos da doença para essas sete mortes”, diz Pedrosa. O Cremal investiga pelo menos três dos laudos sobre óbitos. O primeiro óbito por Covid-19 foi o de um aposentado de 64 anos, confirmado no dia 31 de março. A segunda morte foi de outro aposentado de 78 anos, e a confirmação ocorreu no dia 3 de abril. A terceira morte foi divulgada no último dia 8 de abril, tendo como vítima mais uma aposentada de 77 anos. O quarto óbito, de um idoso de 79 anos, ocorreu no último dia 12 deste mês, e a quinta morte pelo novo coronavírus foi a de um homem de 48 anos, ocorrida na última terça-feira. Segundo a Sesau, o quinto óbito por Covid-19 foi de Cláudio Madu da Silva, de 48 anos, que residia em Maceió e estava internado no Hospital da Mulher Dr.ª Nise da Silveira, no Poço. O paciente estava desde a última sexta-feira (10) em estado grave no Hospital Veredas. Ele foi transferido para a UTI do Hospital da Mulher na segunda-feira (13), por volta das 19h, sob ventilação mecânica, ou seja, entubado. Como estava com uma síndrome respiratória aguda grave, o estado do paciente evoluiu devido à falência múltipla de órgãos e parada respiratória. Nos relatórios da Sesau aparecem que os exames atestam sete mortes de Covid 19. Fernando Pedrosa rebateu laconicamente este número. “Não é esse o total de morte”. Segundo o infectologista, três pacientes tinham outras enfermidades graves. “O último registro é de um paciente que chegou na unidade infartado”. Pedrosa disse ter certeza da afirmação, porque a vítima fora atendida por dois conselheiros do Cremal que são cardiologistas. Ele considerou que o número de mortes pode fazer parte de um “esquema” e avisou que “desse tipo de esquema estou fora, não precisam me chamar”, desabafou ao lembrar o caso de duas mortes que os parentes confirmaram que as vítimas, de 64 e 78 anos, sofriam de outros problemas graves e tiveram dificuldades de encontrar leitos para internação. Ele também condenou a estratégia do governo de transformar duas UPAs de Maceió em centros de internação de pacientes com Covid 19. “A UPA não é para internar ninguém. Ali é pronto atendimento”.

SEM ARTICULAÇÃO

No momento em que a maioria dos estados enfrenta dificuldades para encontrar profissionais de saúde para atender e tratar vítimas do coronavírus, o governo Renan Filho (MDB) demonstra falta de articulação com os profissionais ao rejeitar a proposta do Cremal, que colocou toda a estrutura, gratuitamente, para treinar médicos a lidar com a pandemia. O próprio presidente da entidade, infectologista Fernando Pedrosa [experiente em epidemias como dengue, cólera e outras] diz ter se colocado à disposição da Secretaria de Estado da Saúde, para trabalhar, sem ônus, e foi “descartado”.

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