Gazeta de Alagoas
Pesquise na Gazeta
Maceió,
Nº 0
Cidades

MESMO COM EQUIPAMENTOS FRÁGEIS, MÉDICOS ATUAM NA LINHA DE FRENTE

Levantamento do CFM apontou falhas na infraestrutura de atendimento a pacientes com Covid-19

Por Clariza Santos | Edição do dia 23/05/2020

Matéria atualizada em 23/05/2020 às 06h00

| Divulgação

Em Alagoas, médicos fizeram 38 denúncias sobre falhas na infraestrutura necessária ao adequado acolhimento dos pacientes contaminados pelo novo coronavírus. É o que mostra o primeiro levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) e também revela forte correlação entre o volume de queixas e a quantidade de casos confirmados e óbitos em decorrência da Covid-19 no País. O relatório aponta denúncias de médicos de 546 municípios brasileiros. Alagoas aparece como 6º no Nordeste, em índice de irregularidades. O presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL), o médico Marcos Holanda afirma que as denúncias não são novidades e que só foi acentuada para a imprensa e para os pacientes após a pandemia. “Não é novidade nenhuma que o médico de modo geral, seja na capital ou nos interiores, trabalham em condições inadequadas e sempre se adaptando ao sistema, as condições que nos são impostas e muito se reclame. Aí, quando veio a pandemia, veio de uma forma para abrir essas dificuldades que nós vivemos e, principalmente, expondo para a imprensa e para os pacientes”, afirmou. Marcos Holanda diz que, mesmo após as denúncias, ainda existem EPIs com baixa qualidade. “Não foi nenhuma novidade pra gente, mas exigiu dos nossos gestores um tratamento mais adequado porque se trata de uma pandemia de uma doença infectocontagiosa, que se expande de uma forma muito grande pelo poder de transmissibilidade da Covid. Com essa exposição, nos fez cobrar mais pelas faltas de EPIs que existiam e ainda hoje, quando chegam, muitos ainda não são adequados e com baixa eficácia, com baixa fiscalização da sua qualidade”, contou. Holanda revela que os médicos não fogem do atendimento e que encaram a Covid, mesmo enfrentando dificuldades. “Nós estamos e continuamos na luta, o médico não foge, seja em condições adversas, seja o que for, ele tá lá, na linha de frente. Mas, como é uma doença infectocontagiosa, exige um equipamento melhor e que a gente fique atento para não levar a patologia para dentro da nossa casa”.

Com relação à contaminação em Alagoas, aproximadamente, corresponde entre 20% a 30% da classe médica. “Tivemos um número oficial, mas a gente não acredita porque termina que existe uma diminuição, que não corresponde a realidade porque existe uma subnotificação dos quadros, inclusive, em nossa área”.

O presidente do Sinmed afirmou que todos os leitos dos hospitais particulares estão ocupados. “Com suas áreas específicas para gripário ocupadas e os leitos lotados, assim como todas as UTIs. Estamos vivendo momentos difíceis, seja da privada ou pública. A pública acaba sendo mais aberta, mais condições de verificar e de vivenciar. Já os hospitais privados, a gente sabe da realidade, outros não”. Sobre o Hospital Metropolitano, Holanda disse que “falta mais leitos, por mais que tenham corrido atrás, falta mais leitos na rede pública. Isso mostrando que o SUS é importante e que é necessário investir em leitos”. O presidente do Conselho Regional de Medicina, Fernando Pedrosa disse que todas as denúncias, que foram encaminhadas pelo CFM, estão sendo apuradas. “Incluída as condições de trabalho. Não temos o numero de médicos afastados. Faltam médicos especialistas. No momento, existem epis, mas falta qualidade. As denúncias estão no departamento de fiscalizações e todas apresentadas pelo CFM”, disse Pedrosa. Questionado sobre quantos médicos especialistas estão faltando e qual seria a qualidade adequada para os equipamentos de proteção, além dos que estão sendo utilizados durante os atendimentos de combate a Covid-19, Fernando Pedrosa disse que “Não fizemos este estudo médico”.

Mais matérias desta edição