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Cidades

AL OCUPA 17ª POSIÇÃO ENTRE OS ESTADOS NA REALIZAÇÃO DE TESTES

Testagem para diagnóstico do novo coronavírus ainda é baixa no Estado, alertam pesquisadores

Por regina carvalho | Edição do dia 24/10/2020

Matéria atualizada em 24/10/2020 às 04h00

| regina carvalho

Dados divulgados na sexta-feira (23) pelo IBGE apontam que o número de pessoas que fez algum teste de diagnóstico da Covid-19 chegou a 325 mil em Alagoas no mês de setembro, o que equivale a 9,7% da população estadual. Destas, 103 mil testaram positivo. Com base nesses dados, 9,7% da população foi testada até setembro, fazendo com que Alagoas apareça como quarto estado da região Nordeste que menos realizou testes e décimo sétimo no Brasil. O levantamento consta na edição mensal da PNAD COVID19 que trouxe, em agosto, a informação de que 287 mil haviam feito o teste e 96 mil receberam o diagnóstico da doença no em Alagoas. Para Sérgio Lira, professor e pesquisador da Ufal, Alagoas ainda testa pouco para o coronavírus. “Considero muito baixa a testagem em Alagoas. Na primeira semana de outubro fizemos uma média diária 36 testes do tipo RT-PCR no Lacen de acordo com os boletins da Sesau, e possuímos mais de 2.500 casos suspeitos em investigação no estado”, avalia. A testagem é fundamental para o combate efetivo à pandemia e para garantir uma reabertura sustentada das atividades socioeconômicas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cita Sérgio Lira. “No entanto, estoque não falta: temos cerca de 43 mil kits de exames RT-PCR para serem utilizados. Além disso, ainda há muitos diagnósticos feitos somente com base em testes rápidos, que possuem alta taxa de falsos negativos e só detectam anticorpos após boa parte da fase infecciosa já ter passado. Há um plano estadual para ampliação da testagem anunciado desde julho, o “Diagnosticar para Cuidar”, mas nos boletins da Sesau ainda não apareceu um aumento nos números de testes realizados”, reforça Lira. “Além de testar casos graves e moderados, devemos rastrear os casos leves e assintomáticos, para isolar as pessoas antes que possam propagar os contágios. Por isso, a quantidade de testes realizados deveria ser sempre crescente numa reabertura, pois só assim podemos rastrear com eficiência os casos e detectar com antecedência novos surtos. Um plano de rastreamento e monitoramento de casos foi anunciado tardiamente pelo Ministério da Saúde somente em setembro, mas falta mobilização para colocá-lo em prática em todo o País”, explica o pesquisador.

BAIXA TESTAGEM IMPEDE RASTREAMENTO

Foto: Ascom
 


Lira diz acreditar que os prejuízos imediatos são, principalmente, não ter uma análise clara da situação epidêmica no estado devido à subnotificação e também não ser capaz de rastrear casos e interromper a cadeia de contágio para evitar novos surtos. “Quando isso acontece corremos muitos riscos, dentre eles: aumento do contágio com retomada de atividades como turismo e escolas, maior chance de enfrentar uma segunda onda num futuro próximo, e ser obrigado a fechar atividades novamente devido ao avanço desenfreado da doença. Uma forte segunda onda já está ocorrendo na Europa após as flexibilizações e não há motivo para achar que não possa ocorrer aqui no Brasil também”, destaca o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Sérgio Lira, que integra o Grupo de Modelagem Científica e Simulação do Surto de Covid-19 em Alagoas, que conta com pesquisadores da Ufal das áreas de Computação, Física e Matemática. O último relatório do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19 - formado por professores da Ufal - reforça o alerta sobre possíveis interferências que gargalos relacionados à política de testagem podem gerar nos resultados.

TESTAR AJUDA A REDUZIR A TRANSMISSIBILIDADE

Segundo a presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, médica Vânia Simões Pires, no último estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) foram observadas informações importantes sobre a Covid. “Testar é uma grande ferramenta para que haja o combate dessa pandemia, uma vez que você testando o indivíduo você pode entender o perfil epidemiológico local e reduzir a transmissibilidade, com isso a gente vai bloquear o processo de transmissão”, explica a médica.

Vânia Simões reforça que a testagem é importante porque informa os casos recentes e lembra que, nesse tipo de infecção, ao longo do tempo, a sorologia se torna falsa negativa diferente de outras doenças infecciosas.

“O EPIcovid informa que houve uma desaceleração no Brasil da infecção porque quando você detecta anticorpo atual percebe-se que está menos prevalente na fase do que foi em julho. Foi um estudo importante realizado em mais de 30 mil pessoas e 133 cidades e observou-se que houve uma redução da infecção atual e com isso se identificou uma desaceleração”, finaliza..

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