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Nº 5702
Transporte

PREÇO ALTO FAZ MOTORISTAS SELECIONAREM PASSAGEIROS

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Por WANESSA FRANÇA | Edição do dia 28/08/2021

Matéria atualizada em 28/08/2021 às 04h00

Lucas Rodrigues: "Não compensa nem sair ‘pra’ buscar o passageiro, porque não paga nem o valor da gasolina"
Lucas Rodrigues: "Não compensa nem sair ‘pra’ buscar o passageiro, porque não paga nem o valor da gasolina" | Cortesia

A população alagoana já começou a sentir no bolso os efeitos do novo reajuste do preço dos combustíveis. Os novos preços não afetam somente aqueles que usam seus veículos para passeio. Taxistas e motoristas de aplicativos vêm sofrendo com uma série de fatores que dificultam o seu trabalho. A pandemia de Covid-19, os engarrafamentos na cidade, a falta de apoio das empresas de transporte e principalmente o aumento no preço dos combustíveis são fatores que levaram ao descontentamento daqueles que trabalham no transporte particular de passageiros. Hoje, o sistema que caracteriza o serviço dos aplicativos, como Uber e 99, não coincide com a realidade dos preços dos produtos essenciais ao fomento da atividade. De acordo com motoristas de aplicativos, as empresas não reajustam o valor que é repassado aos prestadores desse serviço, o que os leva a optar por corridas que compensem o gasto com o combustível. Segundo o motorista Raphael Frederick, a empresa Uber não faz reajuste de tarifas desde 2015, quando entrou no Brasil, diferentemente do combustível que já foi reajustado dezenas de vezes desde então. Ao contrário disso, as viagens nos aplicativos ficaram ainda mais baratas, prejudicando os ganhos dos motoristas que, para compensar, precisam trabalhar mais horas e ser mais seletivos em aceitar as chamadas. “A corrida mínima, no aplicativo, gira em torno de R$4, a gasolina está R$ 6. Ou seja, não compensa nem sair ‘pra’ buscar o passageiro, porque não paga nem o valor da gasolina.”, enfatiza Lucas Rodrigues, motorista de aplicativo há dois anos. Outros pontos que, mesmo sendo subjacentes ao aumento da gasolina, também prejudicam o trabalho dos motoristas são o trânsito da cidade, uma vez que mais tempo parado em engarrafamentos significa mais consumo de combustível, e os cuidados com os veículos, cuja manutenção também gera custos. Ainda existem aqueles que usam automóveis alugados para o trabalho e precisam cumprir com o valor do aluguel do seu meio de trabalho. “Infelizmente a gente tá ‘assando e comendo’. Eu tenho que sair pra trabalhar, porque as contas não param de chegar”, ressalta Lucas Rodrigues. O aumento do combustível também afeta a qualidade do serviço final. A seletividade das corridas por parte dos motoristas acarreta aos usuários um tempo de espera maior. “Às vezes a gente pega passageiro que reclama que a corrida tá cara” continua Lucas Rodrigues.

A pandemia de Covid-19 foi outro fator agravante, uma vez que muitos alagoanos sofreram com a baixa do comércio e, principalmente, as demissões. Parte desse público viu nos aplicativos de transporte uma forma de manter o sustento, mesmo com o medo de se contaminar com o vírus.

O secretário geral do Sindicato dos Taxistas do Estado de Alagoas (Sitaxi-AL), Fernando Ferreira, afirma que as duas ondas da Covid deixaram muitos taxistas sem poder realizar seus trabalhos e, aqueles que continuaram atuando, não puderam realizar um serviço satisfatório. Ele conta ainda 1que os constantes aumentos dos combustíveis acaba “retirando” dinheiro do bolso do profissional, o que acaba refletindo na qualidade de serviços ao usuário. Segundo Fernando Ferreira, o sindicato fica de mãos atadas porque os reajustes são em nível nacional, afetando consumidores de todo o País. “Orientamos os taxistas para evitar circular sem passageiros, que preste um bom atendimento aos clientes, procurando fidelizar a clientela.Prestar um serviço de excelência para que os passageiros voltem para o táxi”, ressalta.

* Sob supervisão da editoria de Economia

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