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PF INVESTIGA DOZE CONTRATOS DE EMPRÉSTIMOS A FALSOS AGRICULTORES

Esquema com participação de funcionários do Banco do Brasil envolve R$ 1,5 milhão em créditos do Pronaf

Por Clariza Santos e Jamylle Bezerra | Edição do dia 03/12/2021

Matéria atualizada em 03/12/2021 às 04h00


O delegado Jorge Eduardo, da Delegacia de Repressão a Desvios de Recursos Públicos Financeiros e Combate à Corrupção (Delecor) da Polícia Federal (PF), deu detalhes, na manhã de ontem, a respeito do esquema investigado pela Operação Pasto de Papel, deflagrada em Delmiro Gouveia e outras cidades do Sertão de Alagoas para investigar crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.

A operação mobilizou aproximadamente 50 policiais federais para dar cumprimento a dez mandados de busca e apreensão expedidos pelo juízo da 11° Vara Federal de Alagoas, Subseção de Santana do Ipanema/AL. Estima-se que o valor total dos contratos investigados aproxima-se de R$ 1,5 milhão.

De acordo com o delegado, estão sendo investigados doze contratos relacionados a empréstimos feitos por instituição bancária a falsos agricultores. Funcionários do Banco do Brasil são investigados por suspeita de participação no esquema, e o banco está colaborando com o trabalho da polícia.

O delegado Jorge Eduardo disse que as denúncias chegaram à PF por meio de um empresário que tem uma empresa de processos técnicos que fornece notas e faz projetos para pequenos agricultores. Ele teria sido procurado por um gerente do banco para que entrasse no esquema fraudulento, que destina recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para pessoas que não são agricultores. O empresário não aceitou e os processos dele, de pedidos de empréstimo, começaram a ser negados. Até que a empresa dele foi descredenciada e ele decidiu procurar a polícia para registar um Boletim de Ocorrências. Foi quando as investigações começaram.

“Eles simulam contrato de um título possessório, a pessoa parece ser um produtor rural e se habilita dentro de um processo de financiamento do Pronaf, como se fosse produtor rural e apresenta um projeto de que vai comprar gado, que vai investir na propriedade e tudo o mais. Então, o gerente do banco, que supostamente estaria envolvido, vai analisar de uma maneira superficial e vai conceder o financiamento para o produtor rural fake. Na hora de prestar contas, você vai correr atrás de recibos de compras de gado e de outras coisas. Como o gerente supostamente estaria envolvido, ele não vai se esforçar para comprovar a veracidade daquilo ali. A pessoa vai fazer uso do dinheiro da maneira que quiser e a única preocupação será continuar pagando o empréstimo. Na verdade, eles têm acesso a um recurso com os juros muito baixos”, afirma o delegado.

Por meio do Pronaf Custeio, o agricultor pode adquirir sementes, fertilizantes, defensivos, vacinas, ração e outros itens necessários para o dia a dia da sua produção, seja ela agrícola ou pecuária. Esta linha de crédito é direcionada para produtores de agricultura familiar.

Porém, por meio do esquema, pessoas que não trabalham na área rural se passavam por agricultores e falsificavam as notas que justificavam o empréstimo. O valor estimado dos contratos investigados aproxima-se de R$ 1,5 milhão. Na operação desta quinta, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão expedidos pelo juízo da 11° Vara Federal de Alagoas, Subseção de Santana do Ipanema/AL. Foram recolhidos diversos documentos que serão utilizados na continuidade das investigações. Ninguém foi preso.

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