Em um mês, síndromes gripais resultaram no afastamento de 177 profissionais da saúde em Alagoas. Parte desses trabalhadores, que atua há quase dois anos na linha de frente de combate à pandemia, enfrenta um novo desafio nesse início de 2022: o aumento de casos de Covid-19 e de Influenza. Se aumenta o número de infectados, as unidades lotam e os trabalhadores sofrem.
Quando a pandemia parecia sob controle, surge um cenário ainda de incerteza. Segundo Marcos Holanda, presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL), houve, nas últimas semanas, o aumento do número de médicos afastados para tratar a Covid-19. Uma realidade, mas sem a gravidade registrada no ano passado, segundo ele.
“Existem já vários afastamentos dos colegas médicos. Muitos mesmo estão se afastando novamente, só que não como da vez passada.. Hoje o pessoal está ficando por volta de cinco dias, com sintomas bem mais leves, seguindo o protocolo do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) que diz que a partir dos 7 dias sem sintomas, no oitavo já volta ao trabalho. O que a gente vê é que essa variante tem uma transmissibilidade muito grande, porém, também por conta da vacina, a repercussão tem sido bem mais leve, com poucos internamentos”, afirma.
“Em relação à influenza veio numa hora atípica. Não é muito comum isso aí da influenza este mês. Geralmente, a gente vacina em abril para os momentos de elevação que são lá para junho, julho e agosto. Por isso, tem que tomar vacina com cinco meses ou seis meses”, explica.
Segundo o médico, a entidade que dirige posicionou-se contrária à flexibilização dos protocolos. “A postura do Sinmed sempre foi contra aglomerações. Fomos uma das primeiras entidades a falar sobre isso. Sabia que a caminhada de turistas para cá, com fácil contato, traria logo novas cepas. Acredito que essa flurona está com os dias contados, e acho que talvez seja a última repercussão do vírus. Espero estar certo, não sou especialista. Parece que está perdendo a força”, declara Marcos Holanda.
PROFISSIONAIS
Dados da Sesau mostram que 7,7 mil profissionais foram infectados pelo novo coronavírus em Alagoas, o que representa 3,2% do total de 244,5 mil casos registrados. Já segundo o último boletim da Secretaria Municipal de Saúde, foram confirmados em Maceió 4,8 mil trabalhadores da área infectados desde o início da pandemia, percentual de 5,1% do geral de notificações da doença.
No site do Conselho Federal de Enfermagem, Alagoas aparece com 178 casos e dez óbitos de profissionais da Enfermagem por Covid-19. A Confederação Nacional de Saúde orientou que profissionais de saúde com Covid-19 não sejam afastados do trabalho caso estejam assintomáticos e tenham tomado a dose de reforço da vacina contra a Covid-19. Para os que apresentarem sintomas, a regra muda: o atestado deverá ser de cinco dias.