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Retração

VENDAS NO COMÉRCIO DE AL FECHAM 2019 COM 2ª MAIOR QUEDA DO PAÍS

No ano passado, setor registrou retração de 2,4%, segundo levantamento divulgado pelo IBGE

Por Carlos Nealdo, com Folhapress | Edição do dia 13/02/2020

Matéria atualizada em 13/02/2020 às 06h00

Em todo o País, as vendas do comércio varejista registraram um crescimento de 1,8%
Em todo o País, as vendas do comércio varejista registraram um crescimento de 1,8% | Felipe Nyland

As vendas no comércio varejista de Alagoas encerram o ano passado com uma retração de 2,4%, na comparação com 2018, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio divulgada nesta quarta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a segunda maior retração do País. No ano passado, o Piauí registrou a maior queda, com 6%. Depois de Alagoas, os estados que tiveram recuo nas vendas foram Sergipe (-1,9%), Ceará (-1,5%) e Paraíba (-1%). Na região Nordeste, os únicos estados que tiveram alta nas vendas do comércio foram a Bahia, com crescimento de 2,1% em relação a 2018, e Pernambuco (0,5%) e Maranhão (0,4). O Rio Grande do Norte registrou estagnação. Segundo o levantamento do IBGE, a receita nominal do comércio varejista alagoano encerrou 2019 com um crescimento de 0,9% na comparação com 2018. Em dezembro, a receita nominal do setor alagoano registrou alta de 1,1% ante dezembro do ano anterior, e uma retração de 1,5% em relação a novembro, o mês da Black Friday. Em dezembro, as vendas no comércio local recuaram 2,2% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Na comparação com novembro, a queda foi de 2,5%. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, as vendas locais encerram 2019 com um crescimento de 0,7%. Em dezembro, o crescimento foi de 2,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Na comparação com novembro, o setor recuou 2%. Em todo o País, o varejo interrompeu sete meses seguidos positivos e registrou queda de 0,1% em dezembro em relação a novembro. No ano, o comércio cresceu 1,8%. A queda no mês das vendas de Natal veio na contramão da expectativa do mercado, que projetava alta de 0,2% nas vendas do período, segundo economistas consultados pela Bloomberg. Para o ano, eles estimavam alta de 3,3%. O resultado também encerra uma divergência sobre o resultado das vendas de Natal do ano passado. A Alshop (Associação dos Lojistas de Shopping) chegou a dizer que as vendas em dezembro tinham registrado alta de 9,5%, o que seria o melhor resultado desde 2014. Número contestado e um mês depois corrigido para uma alta de 7,5%, que ainda contrasta com o desempenho medido pelo IBGE. Em novembro, impulsionadas pela Black Friday, as vendas no varejo brasileiro tinham subido 0,6% na comparação com o mês de outubro. Novembro registrou o patamar mais elevado desde dezembro de 2016. Segundo a gerente da pesquisa do IBGE, Isabella Nunes, as vendas da Black Friday continuaram em dezembro e, nos segmentos que crescem na data promocional, as vendas também avançaram no último mês do ano. “A Black Friday não ficou apenas em novembro, começou em 29 de novembro e acabou por contaminar um pouco dezembro positivamente”, diz Isabella Nunes. Os setores mais beneficiados pelas promoções foram móveis e eletrodomésticos (3,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (11,6%). “São atividades que representam o tipo de promoção da Black Friday”, disse. Para a analista, a queda registrada em dezembro ante novembro é creditada à retração nas vendas nos supermercados e isso foi um reflexo da inflação das carnes. Excluído esse fator, o varejo teria registrado crescimento, afirma. “Considero o de dezembro muito igual ao de novembro. Esses dois meses foram momentos nos quais o varejo chegou mais próximo do período antes da crise” Com a alta de 2019, o varejo emenda o terceiro ano consecutivo de crescimento. Mas ano passado houve uma desaceleração para 1,8%. Em 2017, o segmento havia crescido 2,1%. Em 2018, 2,3%. O professor Samuel Durso, economista e professor na faculdade Fipecafi, por sua vez, defendeu que, com os números divulgados, o PIB do ano deve próximo a 1%, em torno de 0,9% até 1,15%. "Essa pequena desaceleração para dezembro não vai impactar tanto na projeção que já vinha sendo relativamente baixa, mas já sinaliza que não vai estar mais tão positivo do que já era esperado. Vai ficar instável do que a gente tinha apresentado, na minha percepção", disse o professor. A liberação do FGTS a partir de setembro pode ter contribuído para o desempenho do varejo no segundo semestre, segundo o IBGE. “A presença de recurso livre adicional devido a liberação dos saques nas contas do FGTS a partir do mês de setembro e a melhoria na concessão de crédito à pessoa física são alguns fatores que podem ter influenciado esse resultado no segundo semestre”, disse Isabella Nunes, gerente da pesquisa. Já o mau resultado de dezembro pode ser creditado ao aumento nos preços das carnes, segundo Nunes, já que o que mais pesou no índice geral foi o recuo de 1,2% em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. "Essa atividade tem peso de 44% no total do varejo", explicou a gerente da pesquisa. No total, outras cinco das atividades restantes pesquisadas pelo IBGE no comércio varejista tiveram taxas negativas na passagem de novembro para dezembro.

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