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Pandemia

RETORNO AINDA CONTA COM DISPOSIÇÃO DA POPULAÇÃO

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Por thiago gomes | Edição do dia 01/08/2020

Matéria atualizada em 01/08/2020 às 06h00

É importante a implantação de políticas públicas que cheguem aos microempresários que sofrem com pandemia
É importante a implantação de políticas públicas que cheguem aos microempresários que sofrem com pandemia | © Ailton Cruz

Segundo o economista Lucas Barros, a volta do comércio no interior e na capital de Alagoas ainda conta com a criatividade e disposição da população, levando em consideração os índices considerados altos de contaminação pela Covid-19, apesar da recente redução. “Na prática, mais que a abertura ampla do comércio e serviços faz-se necessárias políticas públicas que ajudem a manter os postos de trabalho e criação de novos pelas demandas que atualmente se colocam. Também é importante a implantação de políticas públicas que realmente cheguem aos microempresários que sofrem desde antes da crise na área da saúde, além de descontos e renegociação dos impostos devido, oferta de crédito com juros zero ou negativo para negócios de alto impacto nas áreas da saúde, ambiental e que comprovem a geração de postos de trabalho”, completa. Para analisar o comportamento da pandemia, o professor doutor Sérgio Lira, do Instituto de Física da Ufal, que é membro ativo do grupo de modelos matemáticos do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste (C4NE), explica que há sempre um atraso entre novas medidas públicas (como a flexibilização) e mudanças nos dados registrados para a Covid-19 (como casos, hospitalizações e óbitos). Com base nos dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), durante boa parte do mês de julho foi mantida uma tendência de queda de casos diários e hospitalizações, e queda suave no número de óbitos. “No entanto, a partir do dia 20 de julho, notamos um aumento considerável no número de casos confirmados diários, que não condiz com o aumento da testagem. Isso pode indicar um crescimento da transmissão da doença no estado”, ressalta. Questionado se este crescimento se deu em decorrência da flexibilização, o pesquisador diz acreditar que sim, mas não somente por este fator. “Somado a isso, pode estar o aumento do desrespeito das regras de distanciamento devido a uma falsa sensação da população que o pior já passou”. Segundo ele, ainda é cedo para dizer se a retomada gradual dos setores econômicos não essenciais possa provocar uma onda nova e perigosa de pandemia em Alagoas. Isto só poderá ser notado, com mais clareza, se a curva de hospitalizações e óbitos for afetada significativamente. “No entanto, isso deveria aumentar o alerta de que podemos estar sofrendo um rebote de crescimento de casos”, acrescenta. Sérgio Lira comenta que, do ponto de vista epidemiológico, é consenso entre especialistas e OMS [Organização Mundial da Saúde] que ainda não se possui o controle sobre a epidemia no Brasil, e, em Alagoas, o quadro é igual. “No entanto, essa decisão de reabrir setores envolve fatores políticos e socioeconômicos, que não sou capaz de contemplar com base em dados”, acredita. TG

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