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Nº 5831
Desalentados

PAÍS ESTÁ DISTANTE DE RETOMAR ECONOMIA, DIZ ESPECIALISTA

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Por Hebert Borges | Edição do dia 12/06/2021

Matéria atualizada em 12/06/2021 às 04h00

Na visão de economistas, o quadro reflete as dificuldades impostas pela pandemia à busca por trabalho. “A pandemia expulsou parte das pessoas do mercado de trabalho, e elas não conseguiram voltar”, afirma o economista Hélio Zylberstajn, professor da Universidade de São Paulo (USP). Para os especialistas, a alta do desalento reforça que o país ainda está distante de alcançar uma retomada consistente na economia e, especificamente, no mercado de trabalho. Professora da Escola de Negócios da PUCRS, a economista Izete Pengo Bagolin vai na mesma linha. Ela salienta que a imunização é “básica” para a melhora do ambiente econômico. Conforme Bagolin, o governo federal também precisaria pensar em projetos que incentivassem a qualificação de trabalhadores e a saída do desalento no pós-pandemia. “A mensagem até agora é que a recuperação ainda não ocorreu. Muitas pessoas foram severamente impactadas pela pandemia, com o afastamento do mercado de trabalho. Vivemos um período de incerteza. Esse ambiente contribui para a alta do desalento”, pontua a economista. Hélio Zylberstajn destaca que o nível de recuperação do emprego depende do avanço de investimentos produtivos, além da vacinação. Nesse sentido, o economista diz que o país deve buscar novas concessões em infraestrutura. Projetos nessa área têm capacidade de espalhar estímulos em outros setores, lembra o professor. “A primeira coisa é a vacina. E a segunda é o país voltar a crescer. Para isso, não tem jeito: é preciso atrair investimentos. O governo não consegue investir. A gente precisa de aportes privados para trazer o mercado de trabalho de volta para a vida”, afirma. O economista João Saboia, professor emérito do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz não ver “luz no fim do túnel” para o mercado de trabalho brasileiro. Ele aponta para o grande contingente de mão de obra desperdiçada e destaca que a fraqueza da massa de rendimentos é um obstáculo para a retomada da atividade econômica.

Saboia chama atenção para o grande contingente de trabalhadores subutilizados, especialmente frente ao número total de ocupados (85,7 milhões de pessoas). Os subutilizados – também chamados de “mão de obra desperdiçada” – incluem os desempregados, as pessoas que trabalham menos horas do que gostariam e os trabalhadores que não buscam emprego, mas gostariam de trabalhar.

“Entre os subutilizados, apenas sete milhões estão trabalhando, mas com menos horas do que gostariam. Os demais simplesmente não trabalham, embora gostassem de estar trabalhando. Trata-se de um enorme desperdício de pessoas que poderiam estar inseridas no mercado de trabalho”, ele alerta. HB

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