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Desempenho

PIB RECUA 0,1% NO 3º TRIMESTRE E REFORÇA QUADRO DE ESTAGNAÇÃO

Desempenho vem em meio a escalada da inflação, juros mais altos e fragilidades no mercado de trabalho

Por Folhapress | Edição do dia 03/12/2021

Matéria atualizada em 03/12/2021 às 04h00

O mercado financeiro projeta avanço de 4,78% no PIB de 2021, segundo boletim do BC
O mercado financeiro projeta avanço de 4,78% no PIB de 2021, segundo boletim do BC | Marcos Santos/USP Imagens

São Paulo, SP – A economia brasileira recuou 0,1% no terceiro trimestre de 2021, frente aos três meses imediatamente anteriores, apontam dados do PIB (Produto Interno Bruto). O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (2º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número veio um pouco abaixo das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação nula (0%). Esta é a segunda queda consecutiva do indicador, o que renova os sinais de perda de fôlego da atividade econômica. No segundo trimestre, a queda do PIB foi revisada de 0,1% para 0,4%. O desempenho ocorre em meio a um contexto de escalada da inflação, juros mais altos e fragilidades no mercado de trabalho, que dificultam a recuperação da atividade econômica. Conforme o IBGE, o PIB está no mesmo patamar registrado entre o fim de 2019 e o início de 2020, período pré-pandemia. Por outro lado, encontra-se 3,4% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014. Mesmo com a alta de 1,1% no setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB nacional, o resultado do terceiro trimestre foi puxado para baixo pela queda de 8% na agropecuária e pelo recuo de 9,8% nas exportações de bens e serviços, afirma o IBGE. A forte retração da agropecuária reflete o fim da safra de soja, que também impactou as exportações. A colheita é mais concentrada nos dois primeiros trimestres do ano. A indústria, por sua vez, ficou estagnada (0%). Segundo o IBGE, as fábricas sentem o encarecimento de insumos na pandemia e os efeitos da crise energética, que eleva os custos de produção. Em relação ao terceiro trimestre de 2020, o PIB cresceu 4%. Em 12 meses, a alta foi de 3,9%. Já no acumulado deste ano, até setembro, o indicador avançou 5,7%. Projeções sinalizam que o PIB brasileiro deve fechar o ano de 2021 com crescimento, associado em grande parte à base de comparação deprimida -em 2020, a pandemia causou forte queda do indicador. A questão é que, diante dos recentes sinais de fraqueza da economia, o cenário ficou mais complicado para 2022, ano de eleições, indicam analistas. Segundo o boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central), o mercado financeiro projeta avanço de 4,78% no PIB de 2021. A estimativa vem sendo revisada para baixo nas últimas semanas. Em 2022, a alta deve ser reduzida para 0,58%, conforme a publicação. Já há instituições financeiras que preveem queda no próximo ano. A piora das expectativas econômicas vem no embalo da pressão inflacionária, que reduz o poder de compra dos consumidores, e do aumento das incertezas na área fiscal. As dúvidas de analistas sobre o rumo das contas públicas cresceram após o governo federal colocar em xeque o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil, o substituto do Bolsa Família.

CÁLCULO DO PIB

Produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando. Esses são alguns dos componentes do PIB (Produto Interno Bruto), calculado pelo IBGE, de acordo com padrões internacionais. O objetivo é medir a produção de bens e serviços no país em determinado período. O indicador mostra quem produz, quem consome e a renda gerada a partir dessa produção. O crescimento do PIB (descontada a inflação) é usualmente chamado de crescimento econômico. O levantamento é apresentado pela ótica da oferta (o que é produzido) e da demanda (como esses produtos e serviços são consumidos). O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período em questão.

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