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Olhares

VALE A PENA MATRICULAR O FILHO EM UMA ESCOLA BILÍNGUE?

Especialista discorre sobre benefícios e afirma que Maceió ganhará programa bilíngue no próximo ano

Por Maylson Honorato, com assessoria | Edição do dia 09/11/2019

Matéria atualizada em 11/11/2019 às 14h46

Grade ampliada para segunda língua não torna escola “bilíngue”, defendem professores
Grade ampliada para segunda língua não torna escola “bilíngue”, defendem professores - Foto: Divulgação
 

Escolher a escola ideal para matricular os filhos é um desafio para mães e pais. Entre as possibilidades, as escolas bilíngues chamam a atenção por introduzir a criança, logo nos primeiros anos de vida, a uma segunda língua. Hoje, não deve ser fácil encontrar alguém que discorde da importância de ser bilíngue. A questão é que apenas ser fluente em um outro idioma não representa mais, por si só, um diferencial. Como explica Fernando Leão, diretor da Escola SEB Maceió.

“Para preparar, de fato, cidadãos aptos a atuar com desenvoltura frente a todas as exigências do século XXI, entendemos que há uma série de novas habilidades que precisam ser desenvolvidas – das quais, ‘falar inglês’, é apenas um dos requisitos básicos”, diz o professor.

Ainda não há, no entanto, uma regulamentação oficial, por parte do Ministério da Educação, que estabeleça critérios para uma escola ser classificada como bilíngue. Isso gera uma série de dúvidas, já que instituições adotam indevidamente esse rótulo e podem confundir mães e pais. Segundo Daniellen Lopes, coordenadora nacional de uma programa bilíngue, ampliar carga horária da segunda língua não faz de uma escola uma opção para quem deseja proporcionar ao filho uma educação bilíngue. Mas, afinal, qual a diferença entre uma escola bilíngue e outra que apenas ofereça um programa mais intensivo de inglês?

“São modelos diferentes. Em uma proposta de ensino bilíngue como a nossa, o currículo da língua materna está integrado ao da segunda língua. Os alunos vão vivenciar o idioma em diferentes contextos, de forma lúdica e dinâmica. Os ‘programas bilíngues’ não podem ser comparados à imersão cultural proporcionada por uma proposta bilíngue real”, esclarece.

AULAS DE INGLÊS X AULAS “EM” INGLÊS

Segundo a coordenadora do programa bilíngue do grupo SEB, a partir do próximo ano, a unidade de Maceió passa a ter 50% de seu currículo oferecido em inglês e a outra metade em português na Educação Infantil; e 40% em inglês nas turmas do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. “Trata-se de uma fusão real das disciplinas com a segunda língua a partir de um programa desenvolvido exclusivamente para o Grupo SEB, que envolve projetos baseados em quatro pilares - Tecnologia, Empreendedorismo, Inteligência Emocional e Cidadania Global, onde conteúdos como Matemática, Geografia e Ciências são aprofundados em ambos os idiomas”. A mudança, porém, ultrapassa a questão linguística e envolve metodologias ativas, linguagem de programação, cultura maker e Design Thinking. “Nestas turmas, o modelo de aprendizado será totalmente baseado na capacidade de construir o conhecimento coletivamente, com grande estímulo à cooperação e à interação, no qual o professor assume uma função de mediador”, diz Daniellen.

HÁ MESMO NECESSIDADE DE COMEÇAR TÃO CEDO?

E qual o impacto de tudo isso no desenvolvimento de uma criança? Aprender duas línguas ao mesmo tempo não vai acabar confundindo? Diversas pesquisas mostram que o impacto do investimento vai muito além de “falar inglês sem sotaque”. De acordo com um estudo da Universidade de York, no Canadá, por exemplo, as crianças bilíngues, ao chegarem à fase de alfabetização, além de compreenderem melhor as estruturas de linguagem, apresentam uma capacidade de concentração bem superior aos demais estudantes. Por meio dessa dupla exposição, elas descobrem mais cedo que um mesmo objeto pode ser representado por palavras diferentes em línguas diversas, o que estimula o raciocínio relacionado à linguagem e potencializa as conexões nervosas no cérebro. Já pesquisadores da Universidade de Granada, na Espanha, mostraram que, além da atenção, o bilinguismo auxilia na memória, o que ajuda também a obter melhores resultados em todas as demais disciplinas.

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