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Maré

MÓVEIS COM JEITO DE LAR

De hobby a negócio: família transforma madeira sustentável em móveis feitos à mão

Por MAYLSON HONORATO COM ASSESSORIA | Edição do dia 22/02/2020

Matéria atualizada em 22/02/2020 às 06h00

Beleza crua e duradoura. Esse é um dos significados do juá, planta que é símbolo da caatinga. E foi também o nome escolhido pelos alagoanos que fundaram o Projeto Juá, que atualmente funciona no Jaraguá, bairro histórico da capital de Alagoas.

Essa história, no entanto, começa anos atrás, em 2007, numa fazenda localizada no interior do estado, em Mar Vermelho, município localizado a 110 km de Maceió. Eloi Hilgert foi o idealizador do conceito e da ideia de dar rumo a pedaços de madeiras da fazenda, que antes tinham outras finalidades. Começava, então, a produção de móveis para familiares e amigos e que logo se tornaria um negócio familiar.

Ele contava com a ajuda de funcionários e o trabalho sempre foi 100% artesanal. Durante uma década, o processo de construção das peças era visto apenas como hobby. Em 2018, os filhos de Eloi, Arthur e André, ao lado das esposas Larissa Inojosa e Rayssa Brêda, deram o pontapé que tornaria o conceito uma marca rentável. A empresa expandiu a linha de produção mas manteve a essência, utilizam apenas madeira que já encontram caída, na natureza ou em outros espaços. Nenhuma árvore é derrubada. Apenas em alguns casos utilizam plantações sustentáveis, de eucalipto, por exemplo, afirma André em entrevista à Revista Maré. Com móveis e objetos, as peças fazem a união do rústico ao moderno e podem ser usadas em casas, escritórios, restaurantes, hotéis etc.

“São peças únicas. É impossível uma peça ser idêntica a outra, já que o processo é extremamente manual. No caso das peças do projeto Juá, o formato como foi encontrada, tamanho, irregularidades, dureza e o tipo de madeira, influenciam diretamente no design da peça, gostamos de manter a essência da madeira, mantendo uma certa rusticidade”, conta André.

Apenas as peças mais populares, que a empresa considera de linha única, como as champanheiras e mini tábuas, são produzidas em larga escala. Atualmente, 200 peças fazem parte do acervo disponível para venda e mais de 500 já foram produzidas ao longo dos anos.

André enfatiza que o tempo de criação e produção varia bastante, dependendo do que está sendo produzido. “Pode durar algumas poucas horas, no processo das tábuas, por exemplo, até semanas, no caso da produção de grandes mesas e bancos”. A proposta é deixar a madeira sempre o mais natural possível, adaptando a peça para dar uma utilidade, mantendo a essência do material. Algumas outras matérias-primas são usadas em conjunto com a madeira, como aço inox, vidro e, em breve, acrílico. Durante a fabricação é comum que no mínimo cinco pessoas se envolvam com a peça antes que seja finalizada.

Uma das missões estabelecidas pelos idealizadores do Projeto Juá é expor peças de artistas alagoanos. Na inauguração da loja, que aconteceu há algumas semanas, por exemplo, o artista João Lamenha cedeu parte do acervo pessoal para compor o cenário da loja naquela noite. Além de Lamenha, outros artistas são parceiros do projeto, como: Alavantu, Casa de Ideias e Flor do Sertão.

Foto: RUI NAGAE
 

Foto: @ruinagaefotografia
 



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