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FEITO DE SURURU

Marcelo Rosenbaum lança cobogó da casca do sururu; ação do renomado designer foi viabilizada pela Prefeitura de Maceió

Por CLÁUDIA LEITE. ESPECIAL PARA A REVISTA MARÉ | Edição do dia 14/03/2020

Matéria atualizada em 14/03/2020 às 06h00

O sururu, Patrimônio Imaterial de Alagoas, segue ganhando o mundo e sendo ressignificado em vários setores da economia sustentável. Na última quarta-feira (11), o projeto Cobogó Sururu da Mundaú, desenvolvido pelo designer Marcelo Rosenbaum, foi destaque na 18ª Feira Internacional de Revestimentos, a Expo Revestir 2020, realizada em São Paulo. O elemento vazado, que tem como principal matéria prima a casca do sururu da Lagoa Mundaú, foi lançado na feira pela Portobello, uma das principais empresas de revestimentos e cerâmicas do País.

O novo modelo de cobogó, desenvolvido pelo designer – que é referência em projetos de sustentabilidade e conhecido nacionalmente por trabalhar no quadro ‘Lar Doce Lar’, do programa Caldeirão do Huck –, foi liderado pelo artesão Itamácio dos Santos, maceioense e morador da comunidade Vergel do Lago. Desde os 18 anos, o artesão empreendia informalmente na produção de caqueiras de cimento e, a partir desse trabalho, desenvolveu técnicas próprias, que contribuíram na produção do novo produto. Na primeiro lote produzido para a Portobello, ele empregou cinco moradores da comunidade. O produto também contou com a parceria do designer alagoano Rodrigo Ambrósio.

No início do ano passado, o comitê gestor do Maceió Inclusiva, projeto da Prefeitura de Maceió que viabilizou a ação do designer global, se reuniu com Instituto A Gente Transforma e Rosenbaum para a criação de soluções voltadas à cadeia produtiva do sururu em Maceió. A parceria resultou em ações para a melhoria do meio ambiente e na criação de oportunidades sociais na região.

De acordo com o coordenador do projeto pelo IABS, Eric Sawyer, o lançamento do novo produto é um marco para o avanço da iniciativa. “É um momento de celebração para todos os envolvidos no projeto. O novo produto vai criar novas oportunidades de comercialização, inclusive no mercado de luxo, onde poderá ser usado em vários segmentos da construção civil. O lançamento foi um sucesso e trará muitos resultados positivos daqui para frente”, pontuou.

Segundo o gestor da Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Lazer de Maceió (Semtel), Jair Galvão, o Cobogó Sururu Mundaú é resultado do fomento do projeto a negócios e soluções sustentáveis voltadas para os resíduos do molusco. “O Maceió Inclusiva atua em várias frentes para a qualificação da cadeia produtiva do sururu e a melhoria da qualidade de vida da comunidade que sobrevive da pesca do marisco. Seja a partir de um modelo de cultivo implantado como um meio a mais de extração do sururu na lagoa, que já rendeu mais de uma tonelada do molusco para a comunidade somente na primeira coleta, seja pelo incentivo a negócios inovadores para o reaproveitamento dos resíduos, com um edital que destinou R$ 200 mil a essas iniciativas, o projeto avança com resultados significativos que ganham visibilidade na mídia nacional. Ter mais essa conquista, com o lançamento do Cobogó Mundaú, é sinal que as ações do projeto estão no caminho”, destacou.


O PROJETO

O Maceió Inclusiva Através da Economia Circular é um projeto coordenado pela Prefeitura de Maceió em parceria com o IABS e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que tem como principal objetivo promover melhorias na qualidade de vida da população dedicada às cadeias mais tradicionais da economia local (sururu e peixes) e impulsionar o desenvolvimento de modelos de economia circular na capital. Além disso, as ações do projeto visam tornar o sururu um produto de alta qualidade, que possa ser utilizado para a exportação nacional e internacional.

Entre as principais ações do projeto, o novo modelo de cultivo do sururu traz a coleta das formas jovens do molusco em um sistema contínuo em que ele adere à estrutura e cresce no local. Esse processo é capaz de ampliar o volume de produção por área, já que cada metro do equipamento coletor é capaz de produzir cerca de 10kg de sururu. Atualmente a estrutura conta com 90 metros de cabo coletor e flutuadores de PVC e é capaz de gerar uma em média de 800kg a uma tonelada de sururu. Em fevereiro deste ano, mais uma etapa do processo de extração do molusco foi realizada, fruto da produção nas estruturas instaladas na Lagoa Mundaú. Foram aproximadamente uma tonelada do molusco, doada à Cooperativa das Marisqueiras (Coopmaris) da região. A proposta é que o modelo de cultivo auxilie na pesca e promova mais qualidade de vida para os pescadores.

Projeto visa a melhoria de vida da população dedicada às cadeias tradicionais
Projeto visa a melhoria de vida da população dedicada às cadeias tradicionais - Foto: Divulgação
 

Expo Revestir ocorreu em São Paulo, com designers de vários países
Expo Revestir ocorreu em São Paulo, com designers de vários países - Foto: Divulgação
 



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