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ALIADAS DA SAÚDE

Especialistas reforçam papel das vitaminas durante o isolamento social e a importância de consumi-las com sabedoria

Por DA EDITORIA DE CULTURA COM FOLHAPRESS | Edição do dia 13/06/2020

Matéria atualizada em 13/06/2020 às 06h00

“Ativadoras de enzimas e que trabalham no combate aos radicais livres, as vitaminas funcionam como os soldadinhos de uma guerra, que levam nutrientes de um lugar para o outro no corpo”, diz a endocrinologista e professora Karina Hatano. E para que esse mecanismo funcione corretamente, é preciso consumir as doses certas de cada uma delas.

Uma alimentação correta já seria o suficiente para que uma pessoa saudável garantisse todas as vitaminas necessárias para o bom funcionamento do corpo, mas, médicos e nutricionistas explicam o quanto isso pode variar: pela idade, pela região que a pessoa vive, por suas condições socioeconômicas ou por seus hábitos.

“A dieta equilibrada já seria suficiente para obter todos os micronutrientes de um corpo saudável, como os carboidratos, proteínas, gorduras e sais minerais. No Brasil, porém, cerca de 60% da população não consegue se alimentar de forma completa”, pontua a médica.

Isso ocorre por questões socioeconômicas e também geográficas. “A vitamina A, por exemplo, é muito consumida no Norte e Nordeste, porque há abundância de batata, de mandioca. Já quem mora no Sul tem deficiência de vitamina D, por falta de sol”, explica.

Os sintomas de falta de vitaminas no organismo são muito variados porque dependem da vitamina que falta, por isso os multivitamínicos entraram na moda. A analista de inovação, Livia Lopes, 37, consome o produto vez ou outra. “Cada dia eu como uma coisa diferente, equilibro legumes mais escuros, mais claros, saladas, frutas, peixe, carnes branca e vermelha. E uma vez por ano eu tomo um pote de multivitamínicos para caso esteja faltando alguma coisa. Nem sei se isso funciona.”

Fazer mal não faz, mas também pode não ter benefício nenhum tomar vitaminas por conta própria na opinião de Hatano. “A diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva é que seja receitado suplemento vitamínico para atletas ou para quem tem carência. Na pediatria também, quando é preciso fortificar alguns elementos como cálcio e ferro.” Ela diz que as vitaminas não absorvidas pelo corpo serão liberadas pelo urina e não farão nenhuma diferença.

Já para Matheus Sanrromão, endocrinologista da Unimed, o solo brasileiro não entrega todos os nutrientes aos alimentos e, por isso, a suplementação é bem-vinda. “Por exemplo, a rocha vulcânica dá ao solo magnésio e o manganês. É bom porque não temos vulcão, mas isso deixa os alimentos pobres em alguns quesitos.”

A bibliotecária Juliana Calherani, 35, afirma que sente diferença no corpo ao tomar vitaminas. “Ano passado, comecei a tomar porque eu estava correndo bastante e achava que não tinha uma alimentação adequada o suficiente. Eu não tomava todos os dias, mas quando eu tomava, eu me sentia mais disposta.”

No caso de Calherani, a endocrinologista Karina Hatano afirma que o suplemento faz diferença, já que o corpo necessita de mais nutrientes para praticar corrida.

Existem também os alimentos que podem prejudicar na absorção de vitaminas, como é o caso das bebidas à base de cafeína. “Café, por exemplo, possui alguns compostos, como os taninos, que podem inibir a absorção de ferro e outros minerais, e a cafeína (alcaloide), pode aumentar a excreção urinária de cálcio”, explica a nutricionista.

Já o consumo em excesso do cálcio, na forma de suplemento, pode diminuir a absorção de magnésio, zinco, cobre, manganês, além do ferro.


IMUNIDADE E A QUARENTENA

Com a crise do novo coronavírus, tudo mudou na vida da maioria da população. A atriz Denise Dias, 27, adora tomar sol e se preocupa em manter as doses de vitamina D em dia. “A sacada da minha casa foi adaptada até para eu me sentir melhor em casa. Tem uma cadeira, uma caixinha de música, tomo uma água de coco e entro no clima, como se eu estivesse na praia.”

Dias trabalha como garota propaganda de bronzeamento artificial e está sempre com a malhação em dia. Para ela, o médico receitou suplementação de vitamina C e D, e zinco. “Nunca tenho gripe, mas sei que também é preciso se alimentar bem, dormir bem, evitar o stress.” Para se exercitar em casa, ela usa cabo de vassoura, embalagens de produto de limpeza e até sacos de arroz e feijão.

Essa combinação ajuda o corpo a ter uma melhor imunidade, sem precisar ficar na receita da vitamina C, tão usada pela população. “A vitamina C é muito conhecida como antioxidante e por dar imunidade respiratória, mas ela ajuda no antes, na prevenção, e não no durante, Já a vitamina D tem a função hormonal e tem sido estudada para muitas coisas. Uma das delas é fortalecer a imunidade”, diz Hatano.

O ideal mesmo é garantir a dieta equilibrada. “No isolamento, as pessoas estão comendo mais congelados e processados, sofrendo de estresse e depressão. Frutas e legumes estão ficando de lado. E isso é o mais importante”, lembra Zilli. “Nada substitui uma alimentação bem feita.”

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