Gazeta de Alagoas
Pesquise na Gazeta
Maceió,
Nº 5693
Maré

HORA DO CHALLENGE

A influência do TikTok na cultura da internet e o que mudou após a pandemia

Por FLÁVIO MARCÍLIO MAIA* ESPECIAL PARA A GAZETA DE ALAGOAS | Edição do dia 15/05/2021

Matéria atualizada em 15/05/2021 às 04h00

A chegada da pandemia transformou o mundo trazendo novos hábitos. Um deles foi a ampliação do meio digital na nossa rotina, pois tudo ficou vinculado às plataformas digitais: do trabalho em home office ao lazer de assistir a uma live. Dessas plataformas, uma ganhou destaque por oferecer boa experiência de usuário e uma nova forma de entretenimento: o TikTok. Originado na China em 2016 como Douyin, a plataforma se transformou no TikTok em 2017, com o objetivo de conquistar novos territórios e, ao que parece, a rede social está conquistando o mundo de um jeito viciante. Quem acessa apenas para dar uma espiadinha corre o risco de passar horas consumindo conteúdo de diversas formas como os famosos desafios (challenges), os tutoriais de faça você mesmo (do it yourself) ou os inúmeros memes em forma de vídeos. A plataforma levou um tempo para conquistar usuários e se popularizar no Brasil. Foi durante os primeiros meses da pandemia que a rede ganhou mais notoriedade, pois muitas pessoas, por passarem mais tempo em casa, utilizaram a rede social como um meio de passatempo. De acordo com o site Orbelo, já são cerca de sete milhões de brasileiros acessando a plataforma, produzindo e consumindo conteúdo dentro dela. Um desses usuários é o publicitário e influenciador digital Jacques Wolbeck (@jacqueswolbeck). Com uma média de 75 mil seguidores, Jacques usa o TikTok desde setembro de 2019 como produtor e consumidor. Ele conta que um diferencial da rede social é a entrega de conteúdo mais direcionada e eficaz, favorecendo assim as suas produções e os seus gostos. “Eu posto vídeo de várias coisas, mas quando eu posto conteúdo de casa, do estilo faça você mesmo, eu sei que bomba porque é meu público e a entrega é melhor”. Essa entrega segmentada foi um fator que levou o aumento da plataforma em usuários e a fama de muitos anônimos como a humorista mineira Lorrane Silva, mais conhecida como a pequena Lô (@_pequenalo) que teve um alto número de visualizações nos seus vídeos principalmente no pico da pandemia em 2020. Ao falar sobre visualizações, Jacques explica que, diferente do Instagram, que sempre entrega conteúdo para uma porcentagem mínima, o TikTok pode proporcionar extremos. “Eu tenho vídeos com mil visualizações e para mim isso é muito pouco, porém quando eu viralizo passo de um milhão. Então se eu fechar uma publicação no Instagram eu sei que ele vai manter um número mínimo na publicidade, podendo ser que alcance mais. Já no TikTok não há essa previsão, pois depende da entrega dele”, explica. Junto com a popularidade do TikTok muitas polêmicas ao redor do mundo têm surgido. O controle de dados dos usuários e a falta de monitoramento de alguns conteúdos foram motivos de preocupação por parte das autoridades de alguns países. Por outro lado, a plataforma tem transformado a cultura da internet e trazido novas formas de consumir música e publicidade. MÚSICA Dos diversos conteúdos postados no TikTok, os musicais são os que chamam mais atenção por viralizarem de um jeito que tem afetado todo o mercado musical. A nível mundial a cantora norte-americana Doja Cat teve uma música viralizada num tipo de desafio sensual na plataforma, o sucesso foi tão relevante que Doja resolveu lançar o clipe da música com inspiração do desafio. No Brasil, a entrada de músicas populares como o funk e o brega são as mais propensas à viralização. A música “Linda Bela” do Elias Monkbel se tornou um sucesso dentro e fora do TikTok devido a um vídeo postado pelo pernambucano Orlandinho do Piseiro (@euorlandinho) dançando com mais dois amigos. A coreografia caricata virou uma espécie de padrão para os demais vídeos publicados com outras músicas em seu perfil. De acordo com uma pesquisa da plataforma Winnin, os cinco gêneros musicais mais consumidos globalmente são, respectivamente, o k-pop, seguido do rap e hip-hop, música latina, pop e funk brasileiro. A presença do funk na lista pode refletir na sua importância como parte da nossa identidade, o que favorece a sua disseminação. Ainda de acordo com a pesquisa divulgada, das dez músicas mais ouvidas em 2020 no Spotify, sete delas viralizaram primeiro no Tik Tok, mostrando assim a importância da plataforma na atualidade para o meio musical. * É jornalista, atuando na Telhado Comunicação



Mais matérias desta edição