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Maré

MÃE E PAI DE… PLANTAS

Pandemia faz com que alagoanas e alagoanos optem por ressignificar espaços e trazer a natureza para dentro de casa

Por MAYLSON HONORATO | Edição do dia 22/05/2021

Matéria atualizada em 22/05/2021 às 04h00

Passando cada vez mais tempo em casa, em decorrência da pandemia do novo coronavírus que se arrasta há quase 1 ano e meio, muitas pessoas passaram a ter um outro olhar sobre o próprio lar. Isso mudou a rotina de arrumação, de dedicação ao espaço pessoal. Algumas dessas pessoas perceberam que precisavam de algo para cuidar. Enquanto muitas adotaram pets, outras adotaram… plantas. Pode parecer estranho, mas para essas pessoas as plantas se relacionam e o cuidado e afeto dispensados na hora de cuidar transformam - além dos ambientes - as rotinas. O psicólogo Edson Ferreira acredita que essa nova onda de ‘pais e mães’ de plantas se deu porque as pessoas buscam atividades que favorecem estarmos conectados com o aqui e agora, com o momento presente. “As plantas nos possibilita cuidar, construir, e nos coloca em contato com o natural, talvez venha daí a grande procura após o período de isolamento, pois as pessoas precisavam disso dentro da nova realidade. Cuidar, dentro de casa, pode suprir, de algum modo, muitas lacunas”, explica o psicólogo. Para Nara Chavin, suas plantas são filhos. “Ganhei meu primeiro mini cacto no meu aniversário, em 2017, de uma amiga. Depois senti vontade de ter diferentes tipos de cactos e suculentas, pois são fáceis de cuidar e cheios de significados. A responsabilidade de cuidar de uma planta é como se tivesse cuidado mesmo de um filho. Quando vejo amarelinha já sinto que algo tá errado e tento ver o que aconteceu”, conta. Já para Ivan Manoel, o novo hábito e a presença das plantas dentro de casa possuem um significado ainda mais especial e delicado. “Despertei para cuidar de plantas pouco depois que meu pai faleceu, tomei a responsabilidade que era dele para mim. Faz mais ou menos seis meses e já tenho mais de 30 plantas. Sinto como se fosse uma forma de me conectar com ele e às vezes até crio uma interação”, conta o rapaz, que acrescenta que possui uma rotina com as plantas. “Ouvir as músicas que ele me ensinou a gostar e cuidar de suas plantas são duas coisas que me ajudam a cuidar da minha mente após a sua partida e manter ele vivo dentro de mim todos os dias”, explica Ivan. Ter tempo para cuidar é o grande desafio de quem quer encarar cuidar de um ser vivo. Para Stephanie Ferreira, antes da pandemia faltava coragem para começar. Agora são mais de dez tipos de plantas dentro de casa. “Sempre quis cuidar de plantas, mas achava que nunca ia ter tempo suficiente ou ia acabar esquecendo. A pandemia chegou e tentei aproveitar o tempo de sobra que teria. Tô há um ano cuidando das plantas e tenho dez plantas de tipo diferentes. Algumas tento sempre tirar mudas, então tenho várias da mesma espécie espalhadas pela casa”, conta, antes de revelar que até conversa com suas “filhas”. “Considero as plantas como um filho, então faço de tudo, dou amor, carinho, converso. Isso tudo acabou mudando o meu dia-a-dia, elas transmitem paz e um certo conforto no ambiente. Sem falar que é uma ótima opção para decoração, opção de remédio e filtrar energias negativas.”

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