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Maré

LEVANDO AS ROUPAS PARA PASSEAR

O que esperar da moda pós-pandêmica e como atualizar um guarda-roupa depois de quase dois anos de distanciamento social

Por DA EDITORIA DA REVISTA MARÉ | Edição do dia 02/10/2021

Matéria atualizada em 02/10/2021 às 04h00

Do ano passado pra cá, a pandemia interrompeu atividades presenciais e mudou quase todas as nossas certezas. Mas, agora, com o retorno dos eventos sociais e o avanço da vacinação, as pessoas encaram um novo desafio: olhar para os próprios armários e tirar da gaveta roupas que, durante os últimos dois anos, não viram a luz do sol. Pode até parecer que o mundo parou durante esse período, mas a verdade é que ele continuou se movimentando, inclusive a moda.

Aprendemos a valorizar mais o conforto nesses últimos meses. Os tecidos mais crus e ecologicamente corretos também ganharam espaço. Em contraponto, já é possível observar marcas e personalidades da moda exibindo a ostentação da simplicidade, que é quando o clean e cru são tudo, menos simples.

“Eu me interesso muito por estar bem vestida, acho importante porque a roupa fala antes de você”, afirma a estudante de administração Maiara Cavalcante, 23. A jovem diz que muitas roupas pararam de funcionar, antigas combinações já não conseguem ficar harmônicas, muita coisa mudou.

Márcio Ito, professor do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina, explica que a busca por roupas tomou um novo rumo durante o período de isolamento: “a pandemia tem feito esse ajuste de ampliar o alcance de produtos que já existiam no mercado, como pijamas e moletons”.

Ito explica que esse efeito foi enfatizado pelo próprio mercado: “A pandemia foi um fator importante para ampliar os olhares de produtos que existem na moda. Vimos lives com artistas que usavam pijamas. A pandemia fez com que você concentrasse seu campo de visão em um espaço pequeno, que direcionava o consumo desses produtos”.

A busca pelo conforto foi grande. No entanto, um certo nível de formalidade continuou sendo exigido. Isso aconteceu porque, mesmo em home office, as pessoas precisavam abrir a câmera e mostrar a parte de cima do corpo. De acordo com o especialista, isso gerou um aumento no consumo de malhas e camisetas confortáveis, mas com aspecto mais formal.

“Eu passei a maior parte da pandemia vestindo camisa social e bermuda em casa. Pelo menos no horário de trabalho. Mas tinha dias que eu até me vestia todo, só pra me sentir no trabalho”, afirma Rodolfo Alves, alagoano de 27 anos.

Um exemplo de estilo que aumentou durante a pandemia foram os moletinhos. Compostos por um conjunto de moletom com corte mais arrumado, essas opções de roupas são, além de confortáveis, fashion. O professor Ito explica que “os moletinhos já tinham vindo com uma certa frequência nas coleções passadas. Uma combinação, que antes era vista como mais um produto do mercado, se tornou um produto mais presente no mundo da moda. Acredito que na volta dos presenciais, isso continue presente”.

HORA DE VOLTAR

No entanto, nem tudo são flores na volta do trabalho presencial. Mesmo com a ascensão do conforto, Márcio acredita que não há uma perspectiva desse estilo dominar os escritórios: “Empresas que tem um dress code específico dificilmente aumentarão a liberdade dos seus colaboradores. Pode até ser que aumente a flexibilidade, principalmente no modelo híbrido. Mas ainda haverá uma necessidade do dress code em reuniões”.

Por outro lado, é certo que o mundo digital aumentou a preocupação com a parte de cima na hora de se vestir. Desde o início da pandemia, muito se fala das pessoas se arrumarem da cintura para cima, visando sempre a apresentação em vídeo chamadas. De fato, isso pode ter impulsionado uma nova tendência: “Há uma preocupação maior com a parte de cima. Talvez as empresas passem a trazer blusas e croppeds com mais facilidade de combinações com a parte de baixo, promovendo uma pluralidade de looks”, completa Ito.

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