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INCLUSÃO EM EVIDÊNCIA

Alagoanas com síndrome de down enfrentam o preconceito e posam para as câmeras em editorial de moda praia

Por Thauane Rodrigues* ESTAGIÁRIA | Edição do dia 12/03/2022

Matéria atualizada em 12/03/2022 às 04h00

Dar ao mundo uma moda mais inclusiva e plural. Essa é a ideia da campanha que divulga uma nova coleção de moda praia, protagonizada por modelos alagoanas com síndrome de down. A iniciativa vem repercutindo no Estado e nas redes sociais.

Cansada de ver apenas a imagem da mulher “perfeita” em evidência, a idealizadora da campanha, Olivia Gama, conta que sentiu a necessidade de levar os diversos tipos de corpos para sua marca. Isso foi amplificado após uma visita dela ao Instituto Amor 21, que tem um trabalho com crianças e adolescentes com síndrome de down.

“Durante a visita me veio a ideia de trazer a imagem dessas meninas para minha marca, esse seria meu modo de ajudar a instituição e dar um passo nessa desconstrução do padrão de mulher que o mundo da moda impõe muitas vezes”, conta Olívia, que fundou a marca Alma de Sereia.

Além de ajudar a vencer as barreiras do preconceito, a campanha foi responsável por fazer desabrochar talentos e realizar sonhos. A modelo Ana Clara Ardison, mesmo com a timidez inicial em frente às câmeras, pôde realizar o desejo de infância de ser modelo.

Ana Clara conta que o amor pelo universo da moda é antigo e a experiência de modelar está sendo única. “Desde criança que meu sonho sempre foi ser modelo, sempre gostei de fazer poses para as câmeras, fiquei extremamente feliz com o convite e espero que venham muitos outros”, diz a modelo.

Ainda são poucos os espaços para as pessoas com síndrome de down, principalmente no mundo da moda. Mesmo com a evolução do pensamento social, apenas de 2018 pra cá que aconteceu a primeira aparição de uma modelo com síndrome de down nas grandes passarelas de moda internacional, durante a Milão Fashion Week.

A modelo brasileira Maju de Araújo é uma das mulheres empoderadas que vem quebrando esses paradigmas. Com 526 mil seguidores no instagram, a jovem de 19 utiliza da rede social para compartilhar seus momentos dentro do universo da moda e para incentivar outras pessoas com síndrome de down, provando que mesmo com alguns obstáculos, tudo é possível.

Além dela, a porto-riquenha Sofia Jirau, também vem mostrando um lado mais inclusivo da moda, através dos seus trabalhos como modelo da Victoria’s Secret.

Para Olivia Gama, seu maior objetivo ao mostrar modelos com síndrome de down é fazer com que outras empresas se abram e deem oportunidades para pessoas com deficiências, pois existem muitos profissionais capacitados no mercado de trabalho.

“Acredito que todas as mulheres são bonitas, independente de corpo, cor da pele, tipo de cabelo ou de alguma síndrome. Quero levar a inclusão, trazer uma marca em que todas as mulheres se sintam representadas e bonitas do jeito que são”, diz Olivia.

Para ela, a ideia de inclusão da marca não irá parar por aí, pois além das modelos com síndrome de down, logo mais a marca também terá opções e representatividade para o público plus size.

Juntamente com Ana Clara, a jovem Laura Simões também estampou o editorial de moda. Ela diz que já enfrentou discriminação por causa da síndrome de down. Feliz com a participação, também afirma que ainda falta muita inclusão social no mundo.

Laura ganhou destaque dentro das redes sociais após compartilhar sua felicidade em tirar a habilitação e, desde então, vem compartilhando com todos os 12,7 mil seguidores como consegue vencer todos os limites que a sociedade tenta lhe impor.

A jovem é a primeira habilitada do Brasil com síndrome de down e conta que o mundo da moda sempre esteve presente nos seus dias através da família.

“Minha tia tem uma loja de roupas infantis, então, como nunca fui tímida, sempre desfilava para ela. Com o destaque nas redes sociais, hoje recebo alguns convites e faço algumas publicidades”, afirma.

* *Sob supervisão da editoria da Revista Maré

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