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MUITO MAIS QUE TAMPINHAS

Com 30 toneladas de plástico arrecadadas, projeto contribui com o meio ambiente e transforma tampinhas em renda para pessoas com Síndrome de Down

Por Anne Caroline Bomfim Especial para a Revista Maré E Maylson Honorato Editor da Revista Maré | Edição do dia 16/04/2022

Matéria atualizada em 16/04/2022 às 04h00

O amor não conta cromossomos, mas pode contar com a sua ajuda. Em busca de recursos para as pessoas com síndrome de Down, o Instituto Amor 21 iniciou, no final de 2018, uma campanha de incentivo à coleta de tampas plásticas. O projeto, que começou de maneira despretensiosa, atingiu recentemente a marca de 30 toneladas de tampinhas arrecadadas em Alagoas.

Com esse resultado, o programa Tampinha Legal comemora o status de movimento socioambiental e o fato de conseguir engajar diversos parceiros. A Equatorial Energia, uma das empresas que colabora com o projeto e que passou a promover a arrecadação de tampinhas entre colaboradores, estuda transformar agências de atendimento ao público em pontos de coleta.


Sustentabilidade na prática 

O Tampinha Legal já possui mais de 60 pontos de coleta em Maceió, e também em municípios como Arapiraca, São Miguel dos Campos, Boca da Mata e Marechal Deodoro. Para Tony Cabral, fundador do Instituto Amor 21, o sucesso do programa é consequência das parcerias firmadas com empresas que, para ele, enxergam que, além de contribuir com o meio ambiente recolhendo e reciclando resíduos, o projeto tem um importante papel na geração de renda para famílias em situação de vulnerabilidade.

A executiva de Comunicação, Marketing e Sustentabilidade da Equatorial Alagoas, Isa Mendonça, reforça que a ação está em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). “Estamos constantemente desenvolvendo iniciativas de responsabilidade social, que proporcionem benefícios à comunidade e gerem impactos positivos tanto do ponto de vista social quanto ambiental”, resume.


Tampinha doada, Família acolhida

As tampinhas arrecadadas devem ser de plástico e podem ter diferentes tamanhos e cores. Os itens mais comuns incluem tampinhas de garrafas de água, de refrigerante, óleo de cozinha, vinagre, adoçante; tampas de produtos de higiene pessoal ou beleza, como acetona, creme dental, perfumes e cosméticos; e tampas de produtos de limpeza, como detergentes, amaciantes, desengordurantes e água sanitária. 

“O processo é concluído quando o material é reciclado e retorna para a indústria. Por isso, essa é uma ação que também colabora com o meio ambiente”, explica Tony Cabral, pai do pequeno Arthur Cabral, 9, que nasceu com Síndrome de Down. 

“Sobrevivemos de doações, então, uma tampinha arrecadada não é apenas uma tampinha, é, também, uma maneira singela, mas efetiva, de apoiar os nossos projetos. Enquanto a pobreza, a desigualdade e a injustiça persistirem, ninguém pode realmente descansar”, destaca o presidente do Instituto Amor 21.


Quando não é preciso muito para mudar uma vida 

O Programa Tampinha Legal foi criado com o objetivo de disseminar informações e aumentar os níveis de esclarecimento quanto ao destino correto dos resíduos plásticos. A iniciativa criada em 2016, a partir do Congresso Brasileiro do Plástico, é um trabalho conjunto que envolve empresas de todo o país e pessoas comprometidas com a economia circular, que associa o desenvolvimento econômico a um melhor uso dos recursos naturais. Estudos mostram que tampinhas de garrafa pet, por exemplo, são o segundo resíduo plástico mais encontrado em praias. Na natureza, uma tampinha demora aproximadamente 15 anos para se decompor.

Em Alagoas, o programa é parceiro do Instituto Amor 21, formado por pais, familiares e amigos de pessoas com Síndrome de Down. Fundado em novembro de 2014, a entidade conta com cerca de 200 famílias associadas e promove ações nas áreas de educação, saúde, esporte, cultura e lazer, além de defender a inclusão efetiva, ampla, geral e irrestrita dessas pessoas na sociedade. 

“Formamos um grande grupo de troca de experiências e apoio mútuo, com apoio psicológico, afetivo, emocional, físico e cultural a todos que são abraçados pela entidade. Buscamos diariamente, e de forma efetiva, contribuir com a nossa missão, afinal, não é preciso muito para mudar uma vida”, conclui Tony Cabral. 

Para se tornar um voluntário ou doar recursos para o Instituto Amor 21, basta acesse o site: www.amor21.com.br ou entrar em contato pelo Instagram @amor21oficial.

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