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COMIDA DE VERDADE NO PRATO

Procura por alimentos orgânicos expõe busca por preços baixos e também por alimentação com comprovação de origem, dizem professores e clientes

Por Thauane Rodrigues* ESTAGIÁRIA | Edição do dia 23/04/2022

Matéria atualizada em 23/04/2022 às 04h00

Comer bem, com qualidade e de forma sustentável tem sido uma das maiores buscas dos cidadãos, desde o início da pandemia do novo coronavírus, em 2020, quando aumentou a procura por alimentos orgânicos e isentos de agrotóxicos.

Com mais tempo em casa e o aumento significativo dos preços, o cidadão alagoano aproveitou a oportunidade para embarcar nessa tendência, o que beneficiou os agricultores familiares, que tiram sua renda a partir da venda desses alimentos.

De acordo com a professora da Faculdade de Nutrição da Ufal, Maria Alice Araújo de Oliveira, o principal motivo da busca dos cidadãos por esses alimentos é a preocupação com a própria saúde.

“O cidadão que compra de feiras orgânicas, além de contribuir com o seu bem-estar, está sendo solidário com o agricultor familiar, promovendo justiça social e contribuindo para a saúde do meio ambiente”, explana a professora.

Com o apoio da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), através do projeto de extensão “Colhendo Bons Frutos: Nutrição e Agroecologia”, as feiras agroecológicas e orgânicas localizadas na Ufal e na Praça Centenário têm garantido aos consumidores espaços de oferta de alimentos oriundos de uma produção de origem comprovada e constituindo importantes equipamentos de promoção da segurança alimentar e nutricional.

Além disso, durante as ações, os docentes auxiliam na promoção de estímulo à produção e diversificação de alimentos orgânicos, na melhoria na infraestrutura das feiras e atividades de educação nutricional e ambiental, proporcionando uma qualificação maior para os feirantes.

Segundo a professora Maria Alice, mesmo com a suspensão das feiras orgânicas devido à pandemia, a retomada mostrou que o assunto interessa a uma multidão, que vem lotando os eventos em busca de alimentos orgânicos e com preços mais acessíveis.

Em um estudo realizado pelos docentes da Ufal com os consumidores das feiras orgânicas de Maceió, mostra que o público é predominante maceioense, pessoas de 30 a 59 anos, a maioria do sexo feminino, que possui renda familiar maior ou igual a cinco salários mínimos e nível de escolaridade superior.

Para a moradora do bairro de Riacho Doce, Luciana Martins, as feiras orgânicas foram uma alternativa de reduzir custos.

“Comecei a consumir nas feiras recentemente, a qualidade e os preços dos produtos me chamaram bastante atenção. Além disso, atualmente, os preços do supermercado estão com valor muito alto, faltam muitas frutas e a qualidade está muito baixa. Outro ponto é a distância dos comércios de onde eu moro, é muito mais fácil e rápido comprar na feira”, conta ela.

Ainda de acordo com a professora Maria Alice, as feiras são uma estratégia do circuito curto de comercialização, pois vai direto do produtor ao consumidor.

“As feiras eliminam a presença de atravessadores. O preço é muito próximo ou até inferior ao de alimentos convencionais e muito abaixo dos orgânicos praticados por supermercados”, afirma.

Ela explica que estudos apontam que as feiras agroecológicas são importantes equipamentos de promoção da segurança e da soberania alimentar, pois estimulam uma relação de troca mútua entre consumidores e produtores. Além disso, proporciona a valorização dos camponeses e torna as feiras um espaço de produção, fundamentada na igualdade e no compromisso com a preservação do meio ambiente.


ONDE ENCONTRAR

As primeiras feiras agroecológicas no campus da Ufal ocorreram entre 2010 e 2012 decorrentes da organização de um grupo de mulheres que criaram a Associação de Produtoras Agroecológicas da Zona da Mata de Alagoas. Hoje, os cidadãos que desejam comprar produtos orgânicos podem achar as feiras em diversos pontos de Maceió, além de ter ações pontuais para retirar esses alimentos em pontos estratégicos.

Aos domingos, a Feira Agroecológica se instala na Praça Centenário, no bairro Farol, das 6h às 11h. Às quartas-feiras, a Ufal (Campus A.C. Simões) recebe a Feira Agroecológica e Orgânica, das 9h às 14h.

Na parte baixa, o Restaurante Ser-Afim (Jatiúca) aceita pedidos de alimentos orgânicos pelo WhatsApp. Os pedidos são feitos pelo aplicativo de mensagens e podem ser retirados no local, na Rua Paulina Maria de Mendonça, 141. Para mais informações, basta entrar em contato pelos telefones: (82) 3026-3155 / (82) 99653-0016.

*Sob supervisão da editoria da Revista Maré

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