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DANÇANDO PARA SE ENCONTRAR

Dança ajuda alagoanos e alagoanas a redescobrir autoestima e sensualidade, além de ser uma excelente alternativa como atividade física

Por Thauane Rodrigues* ESTAGIÁRIA | Edição do dia 30/04/2022

Matéria atualizada em 30/04/2022 às 04h00

O ditado “quem canta seus males espanta” poderia ser facilmente utilizado para aqueles que, no lugar de colocar as cordas vocais, colocam o corpo para funcionar. Afinal, quem dança também espanta os males e preenche a vida com benefícios - da saúde à autoestima.

Aliviar o estresse, aumentar a flexibilidade, ajudar no emagrecimento, estimular o sistema cardiovascular, melhorar a autoestima, esses são alguns dos benefícios trazidos pela dança e alguns dos motivos que levam os alagoanos e alagoanas de todas as idades a se apaixonarem e procurarem cada vez mais a atividade.

A dança, tradicionalmente, está presente na rotina social do cidadão das mais diferentes formas, seja dentro dos templos religiosos, nas festas de família, ou em atividades escolares desde a infância. Movimentar o corpo seguindo as batidas de um ritmo é comum, tornando-se, para muitos, uma profissão.

Para o professor de dança Rubinho Augusto, a dança apareceu na sua vida cedo, durante a adolescência, e logo se tornou uma paixão.

“A dança chegou em minha vida aos 15 anos, ali eu já sabia que seria a minha profissão. Hoje, tem 30 anos que trabalho com aquilo que eu tanto gosto. Foi a dança que me proporcionou viver da arte e, a partir dela, viajar todo esse Brasil e alguns países da Europa para mostrar a cultura do meu país e do meu Estado”, conta Rubinho.

Já a professora Gabriella Duarte diz que a descoberta da dança aconteceu em 2018, quando descobriu o universo da dança de salão e, no ano seguinte, o do pole dance. Ela revela que foi uma surpresa, pois, até aquele momento, Gabriella nunca se considerou uma boa dançarina.

Com o passar dos anos, em 2020, Gabriella fez seu primeiro curso de instrutora de dança, se descobriu professora, abriu seu próprio estúdio e começou a estudar mais sobre o pole dance.

“Eu me descobri um corpo dançante. Sempre admirei a arte e a dança de outras pessoas, mas acreditava que a capacidade de dançar era um dom e que eu não o tinha. Após o curso de instrutora, o estúdio nasceu na pandemia, quando algumas meninas começaram a me procurar para fazer aulas particulares, e, dois meses depois, eu e Nanna (minha irmã e sócia), decidimos que iríamos de fato trabalhar com a dança”, conta Gabriella.

Além de trazer benefícios para a saúde do corpo e se transformar em profissão para alguns, dançar também tem sido uma grande parceira quando se trata do aumento da autoestima e do autoconhecimento, principalmente para as mulheres que, através de danças como o pole dance, encaram um processo de descoberta da própria sensualidade.

ME DESCOBRI NO POLE DANCE

Pietra Gonzalez, de 24 anos, conta que, após passar mais de 10 anos sem realizar atividades físicas, se redescobrir dançarina através do pole dance tem sido muito interessante.

“Tem sido um processo muito interessante e bonito o de abraçar, acolher e conhecer minha sensualidade, saber que sou capaz de tantas coisas e de apoiar, também, outras mulheres nesse processo. Cada dia que passa eu sinto que vou mais longe e é muito legal conquistar cada etapa e ir além das minhas próprias inseguranças”, diz Pietra.

“Eu estava parada e sedentária há muito tempo e voltar a dançar trouxe um monte de mudanças. Além das mudanças físicas, de me sentir mais disposta e sentir menos dores no corpo, voltar a dançar tem feito eu me apaixonar todos os dias por mim mesma, pelo meu corpo e pelo que ele é capaz de fazer. Cada aula é uma surpresa por conseguir fazer o que eu sempre quis e achava que não conseguiria”, completa ela.

Para Jhéssyca Thainá, dançar é libertador. Foi através das aulas de pole dance que ela iniciou um processo de desconstrução dos padrões impostos para as mulheres e passou a olhar seu corpo com mais intimidade.

“A dança e o pole dance, em específico, me fazem olhar para o meu corpo com mais cuidado. Perceber os limites, os avanços, as mudanças dele em tempos e tempos”, diz. “Trabalhar a autoestima passa a ser mais prazeroso e menos focado na ideia de corpo padrão. Somente a prática e compartilhamento da vivência são capazes de atravessar as opiniões sociais, que vêm recheadas de um cunho machista e patriarcal e que impõem ao corpo feminino um resguardo e cuidado pautado na não liberdade”, finaliza ela.

De acordo com a professora Gabriella Duarte, as mulheres percebem que a dança é para todas, especialmente para aquelas que estão precisando se reconectar consigo mesmas e redescobrir sua sensualidade.

Aberta para todas as idades e tipos de corpos, alagoanas da terceira idade também têm aproveitado os benefícios trazidos pela dança, o que é o caso das alunas do professor Rubinho, que mantêm uma turma apenas com mulheres na melhor idade.

Segundo ele, muitas idosas chegam a sua turma buscando não apenas a melhoria da saúde, mas buscando também, uma nova forma de ocupar o tempo e a mente dançando forró, samba, axé, gafieira, bolero e diversos outros ritmos.

“Muitas decidem aprender ou voltar a dançar para se distrair, fazer novas amizades, pois se sentem muito sozinhas e, através da dança, conseguem cuidar do corpo, da mente, aumentar a autoestima e ingressar em novos ciclos. A maioria vem seguindo os conselhos médicos e se apaixona”, conta Rubinho.

* Sob supervisão da editoria da Revista Maré

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