O consumidor alagoano tem se aprofundado cada vez mais no universo dos vinhos, um fenômeno que se estende pelo Brasil, visto que, no ano passado, o consumo dessa bebida aumentou mais de 20% no país, de acordo com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). Por aqui, não faltam interessados e interessadas em compreender, consumir melhor e aproveitar ao máximo essa bebida milenar.
Um dos resultados disso são as oportunidades ao redor do vinho. Afinal, o brasileiro gosta de ter bons momentos acompanhados de boa comida e boa bebida, o que acentua ainda mais a ascensão dos vinhos, inclusive entre jovens. A chegada, em 2021, da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) em Alagoas é uma das provas do entusiasmo dos alagoanos.
A entidade, fundada em 1983, no Rio de Janeiro, é sem fins lucrativos e se propõe a divulgar o vinho, assim como propagar conhecimentos sobre a bebida por meio de cursos abertos a profissionais e amadores, além de promover eventos temáticos.
“Através da ABS, o consumidor irá reconhecer suas aptidões, degustar e ter prazer com o vinho”, afirma Patrick Neufville, enólogo e presidente da Associação de Sommeliers em Alagoas.
“Nossa chegada no estado tem como objetivo treinar e formar profissionais com qualidade, oferecendo mais emprego, gerando mais impostos arrecadados, levando em consideração que o vinho é a bebida que mais carrega impostos, e, por fim, integrar as pessoas e proporcionar bons momentos”, completa.
Os cursos da organização visam expandir o número de especialistas no estado, mas são voltados para todos os públicos. Mesmo os que não pretendem trabalhar como sommeliers, poderão aproveitar a experiência e conhecer a história e as peculiaridades dessa bebida. Segundo Patrick, que é francês e radicado no Brasil, a ABS-AL é é filiada a ABS-SP, a entidade de maior credibilidade e melhor fonte idônea de informações sobre vinhos produzidos e comercializados no Brasil, com 32 Anos de história, e que também é filiada a Association de la Sommellerie Internationale (ASI).
“Chegamos para somar com o desenvolvimento social e econômico de Alagoas, após perceber o aumento dos enófilos alagoanos e a carência de sommeliers”, diz Neufville.
“É importante que o sommelier saiba vender bem os vinhos, tenha os conhecimentos necessários para atender bem o consumidor, o enófilo. O bom consumidor é exigente! E aqui em Alagoas, ainda somos carentes dessa mão de obra especializada”, afirma.
SABOR E CULTURA
O consumo do vinho remonta de 3.000 a.C e acompanhou a humanidade em suas maiores conquistas e celebrações. No Brasil, ela foi introduzida em 1532 e teve Brás Cubas como primeiro produtor da matéria-prima da bebida.
Patrick Neufville conta que é apaixonado pela bebida e sua história e, por essa razão, quer que os alagoanos vivam o consumo dessa bebida com a mesma intensidade e felicidade.
“A formação dos sommeliers vai nessa direção, mas muito além disso. O consumidor é a peça principal de tudo. Com enófilos mais exigentes e informados geramos mais empregos e profissionais especializados na imensidão do universo dos vinhos, afinal, o sommelier pode estar nos restaurantes, bares ou nos comércios - lojas ou importadoras de bebidas”, diz.
INDO ALÉM
Os associados da ABS podem aproveitar benefícios nessa seara, como descontos, participação de jantares harmonizados e integração com outros amantes do vinho.
Este mês, a associação irá promover o primeiro curso profissionalizante de sommelier, com início no dia 27, com certificado emitido pela ABS-SP e da ASI, reconhecido em todo Brasil.
“Com poucas vagas, essa primeira edição do curso é muito importante, ele dura 7 meses e proporcionará que, ao final, o profissional consiga ingressar no mercado de trabalho. Estamos ansiosos e torcendo que seja um sucesso”, conta Patrick Neufville.
O jantar harmonizado que marcou o lançamento da ABS em Alagoas também vai ganhar novas edições.
“Alagoas está crescendo muito no sentido de consumo de vinho e esse mercado tem grande potencial. Existe vinho para todos os bolsos e gostos e, quem está empurrando esse crescimento são as mulheres. No Brasil todo temos mulheres que estão desenvolvendo o bom gosto pelo vinho, grandes enólogas e enófilas”, conta ele.
“Durante muito tempo as mulheres não pediam bebidas nos restaurantes, às vezes pediam um espumante, um coquetel de frutas, refrigerante, mas o vinho chegou para agradar os homens e as mulheres, que passaram a dividir a mesma bebida”, diz Patrick, comemorando que o estado deixa para trás uma frase do enólogo francês Émile Peynaud, que dizia: “Se existem vinhos ruins é porque existem mal consumidores”.
“Agora, todos os alagoanos e alagoanas poderão entender e apreciar o vinho, da melhor maneira”, finaliza.