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É HORA DE FAZER BONITO NO ARRAIÁ

Alagoanas unem tradicional e moderno em looks juninos; saiba como aproveitar o melhor de cada estilo

Por Thauane Rodrigues* ESTAGIÁRIA | Edição do dia 18/06/2022

Matéria atualizada em 18/06/2022 às 04h00

Com a chegada de junho e a expectativa pela retomada dos festejos de São João, também começa uma maratona em busca de looks que façam jus às festas mais nordestinas do mundo. Entre os modelitos xadrez, as botas de couro, as estampas de animal print e as chitas, quem quer fazer bonito no arraial procura formas de inovar nas roupas temáticas.

Sendo a favorita e uma das opções mais assertivas para o momento, as peças xadrez são os xodós da época junina devido à relação de identificação que o período preserva com o homem do campo.

De acordo com Pollyanna Isbelo, professora do curso de Produção de Moda da Escola Técnica de Artes da UFAL, a identidade junina foi construída a partir da imagem estereotipada do matuto construído pela mídia, que teve em seu início o uso do xadrez como complemento do seu traje. Ela defende, inclusive, que é possível fugir do uso comum do xadrez.

“O estereótipo forte virou um clássico e hoje temos esta estampa característica dos festejos juninos e torna-se difícil atualmente desvincular essa identidade cultural desse padrão. Mas é possível produzir um vestuário típico dos festejos com uso de aviamentos, como as fitas de cetim, sianinhas, entre outros aviamentos que podem trazer identidade cultural e folclórica sem o xadrez”, explicou a professora.

“A nossa estética é muito rica e a mídia não consegue captar, então torna-se sempre mais fácil padronizar e estereotipar”, analisa Isbelo.

“Temos um folclore e uma cultura ímpar, temos quadrilhas estilizadas que nenhuma mídia consegue retratar, pois seus figurinos refletem cuidado e pesquisa, tal como as escolas de samba. A imagem do nordestino é estereotipada desde muito tempo, independente da época do ano. Penso ser um ótimo momento para a mídia se atualizar em sua idealização estética estereotipada”, completou.

Para o costureiro e proprietário de um ateliê na capital alagoana, Chiquinho Almeida, cada vez mais as pessoas estão saindo do “comodismo” do xadrez e procurando novas formas de inovar nos looks de São João.

“O xadrez passou a ser uma peça casual e não somente algo usado no período junino, e, com os anos, vem sofrendo grandes adaptações, como, por exemplo, a utilização de aplicações de rendas para deixar a peças de xadrez mais luxuosas e ousadas”, contou Chiquinho.

TENDÊNCIAS E INOVAÇÃO

Mudando a partir da época do ano, um dos grandes destaques da temporada junina de 2022 tem sido as roupas com estampas de animal print, inspiradas nas peles de animais como onça, leopardo e zebra, que vem competindo fortemente com o xadrez na preferência das mulheres alagoanas.

“As estampas do tipo animal print são atemporais e utilizadas o ano todo, mas, justamente este ano, ela vem com uma pegada muito forte em referências de moda”, disse Chiquinho.

Segundo a professora Pollyanna Isbelo, atualmente o animal print é considerado como uma estampas clássicas e que podem ser usadas em qualquer momento do ano, no entanto há modismos também nos clássicos da moda e, como tal, o movimento de resgate das estampas tradicionais que são comuns.

“Visto que há um ciclo de retorno, assim como os florais são resgatados nas temporadas de primavera/verão. Muitas vezes as estampas são resignificadas, como um fundo colorido, ou mix das peles na mesma estampa. Como houveram muitos momentos desta tendência, é hora de tirar do armário o animal print e usar neste São João”, explicou ela.

Além do animal print, as cores alegres, em tons neon, estão cada vez mais em alta. O costureiro Chiquinho conta que seus clientes têm procurado inovar os looks através das cores vivas. Especialista em roupas de quadrilhas estilizadas, ele também adiantou que o neon tem sido uma grande aposta das juninas.

Para quem deseja inovar nas peças, uma dica dada pelos dois especialistas é a utilização de outros tecidos, babados, aplicações de guipir ou o tradicional filé alagoano para complementar as peças. O principal, eles deixaram para o final: abusar da criatividade.

“Com peças em xadrez, jeans, botas, criatividade e o auxílio de bons profissionais, e até mesmo das redes sociais, é possível montar um look inovador e que foge do tradicional”, afirmou Chiquinho.

O clima junino proporciona o uso de roupas mais quentes, mas mesmo com o frio alagoano fazendo parte da rotina das festas do mês, ainda há quem prefira utilizar roupas que se adequem ao clima mais quente para poder cair na folia.

“Nosso clima não é impeditivo para o usos de roupas de climas mais frios, somos criativos e adaptamos ao nosso clima, com a substituição dos materiais, como os tecidos leves, ao invés do xadrez flanelado, que é quente, substituímos por um tecido de algodão, trocamos a calça de couro pela mini-saia e as botas neste momento de chuvas são sempre bem vindas para a proteção e complemento do look”, disse a professora do curso de Produção de Moda.

*Sob supervisão da editoria da Revista Maré

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