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ARTIGO

OS JOVENS E AS DROGAS

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Por MILTON HÊNIO. MÉDICO E INTEGRANTE DO CONSELHO ESTRATÉGICO DA ORGANIZAÇÃO ARNON DE MELLO | Edição do dia 09/11/2019

Matéria atualizada em 09/11/2019 às 06h00

Vivemos atualmente uma época de alterações de valores. O mundo assemelha-se ao caldeirão dos bruxos, cujos furores nos ameaçam a cada instante. Porém, o mais grave e que nos causa grande preocupação é o fato de ser cada dia mais crescente o número de jovens envolvidos com drogas. Vemos todos os dias pela imprensa notícias que nos entristecem. Jovens da sociedade atirando em pessoas, promovendo arruaças, sem um sentido de vida. Em cidades grandes, como São Paulo e Rio de Janeiro, esse número tem sido impressionante. Ao lado de jovens da classe média e rica existem muitos jovens da classe pobre se agrupando para promoverem crimes de toda sorte de desordens. Esse conjunto de desajustados de todas as classes sociais, de toxicômanos ou simplesmente de frustrados e incapazes, são na maioria vítimas de lares desarmoniosos associados a más companhias. Todos vítimas de “riscos” psíquicos a que foram submetidos: abandono, privação materna e paterna, negligência, maus tratos físicos e psicológicos. E ficamos preocupados, realmente, porque essa situação está piorando. Esses desencontros nos lares modernos têm acontecido num crescente assustador, na sociedade atual, plena de contradições econômicas, sociais, culturais e espirituais. Vemos com tristeza que se avolumam os lares incompletos, os lares desfeitos, os lares negligenciados e os lares onde a violência e os maus tratos físicos são a tônica na condução dos adultos.

O notável progresso que a humanidade recebeu não foi acompanhado pelo lado espiritual. Assistimos um aumento na onda da violência nunca visto, tendo muitos jovens como protagonistas e o sexo e o dinheiro como pano de fundo, como forma de viver. Vemos com tristeza o TER predominando sobre o SER e a família vai perdendo os alicerces de sua estrutura, criando seres angustiados e até psicopatas. Dentro deste contexto encontramos o adolescente de hoje, numa sociedade em crise de identidade religiosa, ideológica, política, econômica e relacional, buscando descobrir no amplo espectro de suas possibilidades e conquistas a sua real identidade. Esteve há poucos dias em meu consultório um jovem adolescente que foi meu cliente toda vida e que de repente, por más companhias, há um ano, enveredou pelo caminho das drogas. Por um verdadeiro milagre conseguiu fugir em tempo desse “inferno” que conheceu. Provocou uma quebra imensa nos laços familiares e sociais. Assistiu a decadência financeira e psíquica de seus pais. Apesar de ter se recuperado com um tratamento intensivo no sul do país, já não é o mesmo. E ele me conta que assistiu, durante o tratamento, muitos companheiros que ficaram com algum tipo de demência. Assim, os jovens devem saber que as drogas representam uma viagem sem volta e que não precisam depender de nenhum vício para alcançar o grande objetivo da vida: ser feliz, amar e ser amado. Só com a mudança de comportamento, só com o grau elevado de espiritualidade o homem pode viver feliz neste mundo, concorrendo para que haja essa paz tão ansiosamente esperada e difícil de ser encontrada.

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