loading-icon
Gazeta FM
NO AR | Maceió

Gazeta FM

94.1
sexta-feira, 09/05/2025 | Ano 91 | Nº 5962
Maceió, AL
25° Tempo
Home > Opinião

ARTIGO

Porto Real do Colégio: história ameaçada

.

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

Quando apagamos as marcas da nossa história deixamos de ter passado. O homem é um ser histórico cuja identidade se faz ao longo do seu desenvolvimento no tempo: no modo como produz a cultura, como pensa e se organiza no seu grupo social e como organiza o espaço onde vive, a casa, a rua, o bairro, a cidade. Preservar essas marcas é condição para não perdermos os elos com o passado. Elas permitem conhecermos as diversas experiências humanas em espaços e tempos diferentes e que reafirmemos, assim, para as novas gerações, a nossa humanidade. Os registros históricos guardam em si informações que indicam o modo como, porque e o que impulsionou os homens a agirem como agiram em tempos diferentes. Nessa perspectiva, preservá-los é fundamental e, por isso, é não só de responsabilidade individual, mas também coletiva e, nesse caso, cabe ao poder público manter e proteger o que é de todos.

Mas, nem sempre é o que se vê. Em Porto Real do Colégio-AL, minha terra natal, os governantes têm dado exemplo de desrespeito à sua história, à sua identidade, ao seu passado, aos seus afetos. No dia 4 de julho passado, escavadeiras avançaram sobre o Coreto na principal praça da cidade, mas graças a revolta da população a ação foi abortada, embora, dele, parte significativa tenha sido destruída, conforme vídeos postados nas redes sociais. Esse Coreto é de 1949, monumento de formato redondo destinado a eventos culturais e políticos. Na mira das máquinas também estava o Obelisco ao lado, o “Pirulito”, que é de 1952, uma homenagem à independência política da cidade. Ambos integram o principal conjunto arquitetônico local, com a Igreja Católica, Prefeitura Municipal, Açougue Público e a Delegacia de Polícia. O Ministério Público foi chamado a intervir nesse impasse entre a população e a Prefeitura. Espera-se que prevaleçam a lei, o bom senso e a sensibilidade quanto a essa causa que é de interesse do povo colegiense. Outros ultrajes à história dessa cidade já haviam ocorrido. Na década de 1960, o vigário resolveu “modernizar” a Igreja Matriz. Sabemos ser esse personagem, também detentor do poder de convencer pela palavra, às vezes, até pela manipulação da fé. Quem se atreveria, à época, contestar o que ele dizia? Assim, assistiu-se passivamente serem destruídas belas características da arquitetura jesuítica impressas na nossa Matriz, que lhe davam identidade arquitetônica e filosófica como, arcos, colunas cilíndricas e o altar-mor adornado em alto-relevo. A bela pintura interna, com elementos da fé cristã e da história dessa fé, foi apagada. De igual modo, o conjunto arquitetônico da Estação Ferroviária foi totalmente desfigurado. Parte significativa do cais do porto, a balaustrada e a escadaria, um dos acessos à margem do rio, foram apropriados e transformados em casas, bares e quintais particulares. A bela visão do Velho Chico e o acesso à sua margem pela Rua Fernandes Lima desapareceram. Ao que parece, a gravidade de fatos como esses começa a ser compreendida pelo povo. É preciso exigir dos governantes compromisso com o bem-estar, com a história e o crescimento cultural da população.

Relacionadas

fallback

TRÊS MUNICÍPIOS

Chuvas: Marx solicita ao MDR e à Defesa Civil Nacional envio de equipes e apoio emergencial financeiro

Distribuidora de Arapiraca aposta em automação para solução logística imagem

MAIOR DO NORDESTE

Distribuidora de Arapiraca aposta em automação para solução logística

Pix automático começa a funcionar na quinta (29) no Banco do Brasil imagem

Transações financeiras

Pix automático começa a funcionar na quinta (29) no Banco do Brasil

Réveillon Arcanjos N1 se consolida como principal festa de virada no Brasil imagem

Fim de ano

Réveillon Arcanjos N1 se consolida como principal festa de virada no Brasil