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Maceió,
Nº 5693
Opinião

SEM EMPREGO E SEM ESPERANÇA

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Por Editorial | Edição do dia 14/02/2020

Matéria atualizada em 14/02/2020 às 06h00

Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas mostra que os jovens foram a parcela da população que mais perdeu renda no trabalho nos últimos cinco anos e é entre a juventude que estão os maiores índices de desigualdade. De acordo com o levantamento, entre 2014 e 2019, jovens de 15 a 29 anos perderam 14% da renda proveniente do trabalho. Entre os jovens mais pobres, esse percentual chegou a 24% e, entre analfabetos, 51%.

As regiões Norte e Nordeste apresentam reduções de renda pelos menos duas vezes maior que a da média geral nesse período de crise econômica no Brasil, esta perda foi cinco vezes maior entre jovens de 20 a 24 anos. A crise atingiu chefes de família, corroeu a renda das famílias e jogou para o mercado diversas pessoas que antes poderiam se dar ao luxo de só estudar. Pela falta de experiência, eles acabam formando a faixa em que o desemprego mais vai demorar a cair. Não apenas a falta de emprego afetou os jovens. A precarização do trabalho também castigou essa faixa etária e traz, como efeito colateral, o desalento e a descrença. Segundo a FGV, 30% dos jovens brasileiros acreditam não ter perspectiva de ascender socialmente pelo trabalho. É uma taxa muito alta. Não há dúvida de que o aumento expressivo do desalento entre os brasileiros mais jovens é um sinal preocupante, pois o trabalhador que está entrando no mercado seria um dos últimos a desistir de procurar emprego, se a economia estivesse em uma situação melhor. Para os especialistas, a melhora nesse cenário passa pela educação, mas uma educação mais voltada para a realidade do jovem, ensino técnico para capacitar para o mercado e melhorias no ambiente de trabalho. A falta de mão de obra qualificada no Brasil, por causa da baixa escolaridade, é um grande obstáculo para a retomada do crescimento do País. É fundamental a retomada do investimento e do crescimento do Brasil, atrelada à aplicação de recursos na educação, com um plano capaz de melhorar a qualificação dos profissionais. Só assim o País pode pensar em um desenvolvimento sustentado.

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