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Maceió,
Nº 5694
Opinião

A DOENÇA DA DESINFORMAÇÃO

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Por Editorial | Edição do dia 20/02/2020

Matéria atualizada em 20/02/2020 às 06h00

Pesquisa da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), realizada em setembro de 2019, aponta que 67% da população brasileira acredita em alguma informação falsa sobre a eficácia e os efeitos das vacinas.

Informações falsas são o principal motivo que leva os brasileiros a evitarem a vacinação, acima de fatores como o esquecimento ou mesmo a falta da medicação nos postos de saúde. Segundo o levantamento, mais de 21 milhões de pessoas (13% da população maior de 16 anos) já deixaram de se vacinar ou de vacinar seus dependentes. Entre as falsificações mais difundidas estão afirmações de que vacinas causariam autismo, conteriam grandes quantidades de mercúrio, teriam menos eficiência do que produtos naturais ou seriam uma imposição do governo para controlar a população. A pesquisa também apontou que pessoas que obtêm suas informações sobre vacinas e medicina por meio das redes sociais, de conversas com amigos e parentes ou de grupos religiosos ficam mais expostas a conteúdos falsos: 72% dos entrevistados que já receberam mensagens negativas sobre vacinação pelas redes sociais se declararam inseguros quanto à prática, contra 27% dos que nunca receberam. Notícias falsas sempre houve, mas agora se espalham em alta velocidade e atingem um número ilimitado de pessoas ao mesmo tempo. Nos casos relacionados à saúde, a situação é ainda mais grave, pois está fazendo o País regredir em muitos aspectos. O índice de cobertura vacinal de doenças que podem ser evitadas pela vacina diminuiu drasticamente, fenômeno atribuído à disseminação de fake news. O pior é que a velocidade das informações falsas é até seis vezes mais rápida que a das notícias que as desmentem, o que faz com que a sociedade científica esteja sempre em desvantagem. Para especialistas, o combate digital às fake news da saúde deve incluir um maior repertório de informações corretas no ambiente virtual e interpelações judiciais aos responsáveis por páginas, grupos e perfis que difundem conteúdos falsos. Outra estratégia é a revisão das campanhas oficiais de vacinação, que podem estar falhando em atrair a população.

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