Gazeta de Alagoas
Pesquise na Gazeta
Maceió,
Nº 0
Opinião

SERIEDADE

.

Por Editorial | Edição do dia 26/03/2020

Matéria atualizada em 26/03/2020 às 06h00

O isolamento social tem sido apontado pelas autoridades de saúde como uma das formas mais eficazes de conter a proliferação do coronavírus. A maioria dos países vem adotando essa medida desde que houve a explosão de casos, primeiro na China e depois em países europeus, como Itália e Espanha.

No Brasil, governadores e prefeitos saíram na frente e decretaram o isolamento social, mas a medida vem sendo duramente criticada pelo presidente Jair Bolsonaro, que alerta para os impactos sobre a economia do País. Não se pode, evidentemente, deixar de considerar que qualquer ação do poder público deve levar em conta todos os fatores, tanto a saúde quanto a questão econômica. Entretanto, é quase consenso que o presidente tem tratado a questão de forma leviana, ao comparar a Covid-19 a uma “gripezinha”. Basta ver o exemplo da Itália. Quando começaram os casos na Itália, o governo tratou de desestimular o isolamento social e a quarentena voluntária, preocupado como os efeitos para o turismo, uma das principais fontes de renda do país. Essa visão logo se revelou desastrosa. Três dias após as manobras e declarações do primeiro-ministro para manter o clima de normalidade em meio à pandemia o número de mortos dobrou: em 1º março, a Itália tinha 34 mortos. O mês ainda não acabou, mas o número de mortos já ultrapassa os 7 mil. É certo que os impactos econômicos serão gigantescos, mas atingirão pessoas e empresas de forma diferente. Grandes corporações têm recursos suficientes para suportar o período de crise e manter a maioria dos empregos. O problema são as micro, pequenas e médias empresas e os trabalhadores informais. Nesses casos, não há alternativa senão um grande pacote de ajuda do poder público: ajuda às empresas e aos trabalhadores, seja por meio de isenção de impostos seja por meio de ajuda de custo para enfrentar esse período. É o que está sendo feito em muitos países, mesmo aqueles comandados por líderes que seguem a cartilha liberal. O mundo vive uma guerra, e cabo ao Estado defender seus cidadãos.

Mais matérias desta edição