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Maceió,
Nº 5694
Opinião

A HORA DA CHINA

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Por ERICK MEMÓRIA. Bacharel em Relações Internacionais pelo IUPERJ | Edição do dia 03/04/2020

Matéria atualizada em 03/04/2020 às 06h00

O Vietnã derrotou os Estados Unidos, e eu não me refiro ao conflito bélico e ideológico entre esses países no contexto da Guerra Fria. Estou falando da política econômica de livre mercado e a sua incapacidade de conter um vírus dentro da lógica do Estado mínimo, como foi feito no citado país do Sudeste Asiático e na China, ambos socialistas. Os EUA, Meca do capitalismo, é a nação com o maior número de casos confirmados de Coronavírus no mundo.

Muito se deve à ausência de assistência médica e políticas públicas de contenção da disseminação do vírus, associando-se a esses fatores, o discurso histérico e anticientífico, que, ironicamente, acusa a mídia de criar a crise causada pela pandemia do Coronavírus, apenas para prejudicar o presidente dos Estados Unidos. Este discurso criminoso, que minimiza as mortes e o poder de contaminação do vírus, foi importado pelos apoiadores de Jair Bolsonaro. Estes mentecaptos fazem suas passeatas utilizando máscaras, dentro de seus carros fechados e com ar-condicionado, pedindo para que os trabalhadores se exponham ao risco de pegar o transporte público e se contaminarem. Alegam que é para a economia não parar, por economia, no entanto, entenda-se o lucro de uma ínfima minoria de empresários, frente a saúde e a vida da grande massa de trabalhadores. Dito isto, vamos entender como a China, com seu moderno sistema econômico, capaz de mesclar economia planificada, estado forte e livre mercado, no chamado socialismo de mercado, mostrou sua superioridade frente aos preceitos liberais do “Laissez-faire” (deixar fazer) e da “mão invisível do mercado”. A crise global da saúde, também mostrou aos infantis esquerdistas que a ideia de revolução permanente, não constrói o socialismo internacional. A China conseguiu, em 100 anos e duas revoluções, uma nacionalista e outra socialista, a sua descolonização e o seu desenvolvimento econômico, tornando-se a segunda maior potência global, construindo o socialismo em um só país. Após ter o apoio inicial da URSS, sob o comando de Stalin, a China se distanciou da mesma, por entender que os soviéticos se afastaram do marxismo-leninismo, com a ascensão de Nikita Khrushchev ao poder e o Partido Comunista da União Soviética adotaria uma prática revisionista do socialismo. A China moderna desenvolve o seu modelo atual de socialismo de mercado, após as reformas de Deng Xiaoping, no final dos anos 70. Com o colapso do bloco socialista na década de 90, Deng Xiaoping se recusou a liderar uma coalizão das esquerdas do mundo e priorizou o desenvolvimento econômico da China, desenvolvendo uma diplomacia discreta e que não discutia questões ideológicas, reafirmando o pragmatismo chinês.

A China vem se tornando uma espécie de farol para o mundo, é referência de combate a pandemia do Covid-19. Está à caminho de acabar com a hegemonia estadunidense do fraco Presidente Donald Trump. Tem a vantagem geopolítica, como os EUA teve no pós Segunda Guerra Mundial. Demonstrando amizade aos povos do mundo, enviando ajuda humanitária para enfrentar a pandemia, a China se mostra apta a um novo Plano Marshall para um novo cenário mundial.

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