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Opinião

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Por Editorial | Edição do dia 29/05/2020

Matéria atualizada em 29/05/2020 às 06h00

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, estima que, até o final deste ano, 86 milhões de crianças em todo o mundo podem acabar em situação de pobreza. A projeção considera que as circunstâncias socioeconômicas acentuadas durante a pandemia da Covid-19 podem elevar em 15% a parcela de crianças que vivem sob essa condição.

Para o Unicef, a crise sanitária é o estopim de uma crise socioeconômica sem precedentes. As dificuldades financeiras enfrentadas pelas famílias colocam sob risco anos de progresso em redução de pobreza infantil. Antes da pandemia, dois terços das crianças de todo o mundo eram privadas de acesso a qualquer forma de proteção social. Os impactos economia do coronavírus serão devastadores para as populações mais vulneráveis. Estima-se que a América Latina terá com uma queda de 5,3% no PIB, a pior da sua história desde a Grande Depressão na década de 1920. Com isso, quase 30 milhões serão empurradas para a pobreza na América Latina, incluindo aqueles que tinham saído da pobreza na época do boom das commodities, até 2014. Em 2002, a região tinha cerca de 226 milhões de pobres e conseguiu diminuir esse número fortemente entre 2002 e 2014. Em certo momento, chegou a ter 174 milhões de pobres. Agora, com a pandemia, já se fala em 214 milhões. Por isso, especialistas dizem que o fundamental é proteger os mais vulneráveis. Os governos precisam estar prontos para agir para preservar vidas. O isolamento é o passo essencial e emergencial para desacelerar a curva de contaminação. Porém, para ser viável, é preciso olhar atentamente para a condição de pobreza da população e garantir sua renda mensal. O Unicef recomenda que as autoridades governamentais busquem estruturar programas que amparem, efetivamente, a população, como os de transferência de renda e aqueles que garantem a distribuição de merenda escolar, além de preparar fundos que possam ser usados futuramente. É um esforço gigantesco que exige união de todos entes que compõe o poder público, agilidade e eficiência.

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