Gazeta de Alagoas
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Maceió,
Nº 5694
Opinião

COOPERAR E VENCER

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Por Editorial | Edição do dia 30/05/2020

Matéria atualizada em 30/05/2020 às 06h00

Há pouco mais de cem anos, quando Alagoas enfrentou a pandemia da gripe espanhola, com registros históricos identificando a região portuária como porta de entrada do mal em Maceió, o Brasil conviveu com situações que se assemelham hoje às implicações produzidas pela COVID-19.

Nos idos de 1918, a gripe espanhola se alastrava pelo país, em meio ao desaparelhamento da então Diretoria Geral de Saúde Pública. O governo não dispunha de uma estratégia de combate à grave crise sanitária, principalmente para acolher os indigentes com a devida atenção. O quadro era campo fértil para o preconceito e a incredulidade, com proliferação da ideia de que se tratava de uma gripe corriqueira, o que alimentava a difusão de falsas receitas caseiras para cura do mal e o surgimento de desavenças contra a ciência disponível à época.

Um século depois, em plena era de um mundo digital sem fronteiras, enfrentamos outra pandemia. O Brasil e seus entes federados ainda capengam no cumprimento de dispositivo da Constituição Federal de 1988, que estabelece a saúde como direito de todos e dever do Estado. Nas esferas de poder – e Alagoas não é exceção -, a regra geral é da gestão insuficiente para fazer chegar assistência estatal digna aos que mais necessitam do SUS.

Como superar a crise sanitária sem a clareza de um plano nacional? Como unificar o país – o povo e as instituições - se o principal líder político da nação foca em desavenças, não exercita a conciliação e ainda pratica o voluntarismo e o negacionismo científico? A história já ensinou: a saída está na cooperação. Vejamos o exemplo da escassez de respiradores nas unidades de saúde. Cadê a política externa brasileira, que vem provocando intrigas até com parceiros comerciais? Certamente, nossas unidades de saúde estariam mais bem equipadas, se o Brasil exercitasse a política externa da convergência e do fortalecimento das relações multilaterais. Talvez Alagoas estivesse em outro patamar caso o dever de casa também tivesse sido efetuado, como a criação do Comitê Técnico Assessor - digno do nome - para efetivamente planejar, agilizar e avaliar as ações. Lamentavelmente, em tempo de desarmonia entre os que detêm o poder da caneta, o reflexo sempre provoca mais danos aos desamparados.

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