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Maceió,
Nº 5694
Opinião

HUMANIDADE ANGUSTIADA

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Por MILTON HÊNIO. médico e membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello | Edição do dia 30/05/2020

Matéria atualizada em 30/05/2020 às 06h00

Ficamos horrorizados quando assistimos, diariamente, pela televisão, cenas tristes mostrando ação invasiva desse agressivo Coronavírus causando incontáveis malefícios ao ser humano. Independente disso, notamos que há um retrocesso da humanidade em relação a uma vida civilizada. E notamos que apesar das conquistas no mundo das ciências e das artes, o homem pouco caminhou de encontro ao ideal fraterno, do sentimento universal, da paz e da harmonia. O longo caminho percorrido pela humanidade é, por si só, o testemunho histórico de que há uma força determinante no destino dos homens, que lhes tira o sentido de continuidade na busca da ambicionada ascensão para o bem.

Talvez a mudança mais expressiva com que o homem moderno se defronta seja a sua própria mudança – rápida, imprevisível e desorientadora. Independente da pandemia que nos atinge, que nos assusta, a luta pela sobrevivência quebrou a harmonia do organismo humano nos tempos atuais, de tal forma que o câncer, a depressão, o diabete, as doenças cardíacas têm assumido proporções alarmantes. O fato é que qualquer espécie de mudança, de sobrecarga, nos impõe exigências físicas e mentais, porque quebra o nosso sistema imunológico. O século XXI está aí exigindo um desafio de toda a humanidade em busca de uma vida melhor, com menos agressividade e mais espiritualidade, com mais entendimento entre os políticos acompanhando o progresso. No momento, eu diria que as causas mais frequentes de distúrbios do homem são psicológicas. E no caso da pandemia é o isolamento, a solidão, os distúrbios afetivos, trazendo a depressão. Nós, atualmente, não só nos separamos daquele convívio familiar pelo isolamento, como modificamos a forma de viver. Esse isolamento tem causado muitos transtornos psicológicos, tanto nas crianças como nos adultos e principalmente nos idosos. É impressionante a influência da mente em nossa vida. A pandemia mudou o ritmo de vida do ser humano nos tempos atuais.

Na verdade, é raro encontrarmos atualmente alguém que vive em plenitude com tantos obstáculos. Nossa visão do mundo atual mudou, pois é dominada pelo medo, provocado pela possível invasão desse vírus, pela insegurança no trabalho e na rua, pela angústia econômica, todos esses fatores afetando o ser humano. Falta atualmente a muita gente o prazer de viver. O fato, portanto, é que a vida familiar está mudando, a vida social está mudando também, tudo numa velocidade espantosa. Para o indivíduo sobreviver atualmente, tem de tornar-se mais ágil e capaz do que em qualquer outra época.

Não vamos perder a esperança. Não vamos ficar em depressão. No meio de tanta confusão repito que só nos resta apelar para o Cristo, dizendo: “Senhor, dai-nos a esperança para prosseguirmos em nossa caminhada e que possamos no meio do nosso pesadelo termos o conforto de sua presença e de sua paz.”

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