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Opinião

A LIBERDADE DOS PÁSSAROS

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Por Aloísio Alves. Publicitário e membro efetivo da Apalca | Edição do dia 30/05/2020

Matéria atualizada em 30/05/2020 às 06h00

O isolamento social está proporcionando ensinamentos para milhões de pessoas. Ensina o quanto é importante, nesse universo agitado, pisar um pouquinho no freio para refletir, meditar, rezar. Na minha vida, nunca parei para dedicar um momento de relaxamento total, meditação mesmo. Minha filha, em poucas palavras, conseguiu me convencer nesses dias de recolhimento e estou fazendo grande esforço para conseguir me concentrar por alguns minutos. É bom e difícil se aquietar! Não é demais olhar um pouco para nós mesmos e focar no melhor hoje e amanhã. O isolamento pode criar marcas que mudarão ou não comportamentos. A distância também fortalecerá elos e novas atitudes das famílias. Ficar em casa o dia todo, todos os dias, - 60 já se foram - é entediante, monótono, entretanto também poderá ser oportunidade para jovens e idosos como eu repensarem as prioridades pós-pandemia, cada um dentro da sua perspectiva de vida. Minha mulher, acredito, não está vendo esse tempo passar. Não para de costurar máscaras com suas amigas de infância e já abasteceram inúmeras instituições e pessoas carentes. Já foram mais de 9 mil e o barulhinho da máquina martela no seu juízo quando deito para dormir. Um gesto de grandeza dessas 23 mulheres, irmanadas pela solidariedade. O que é possível mudar? Será que quando de novo abraçar a liberdade, a humanidade será um pouco melhor que antes? Temos que encher a cabeça de positividade, mas também pensar um pouco naqueles que o vírus está vitimando com duas flechadas cruéis: contaminação de familiares e a certeza de que faltará na mesa o pão para pais alimentarem os filhos. Milhares já estão vivendo a tragédia da fome. No campo empresarial projetos inovadores nascem nas madrugadas. O varejo, quando a bonança chegar, surgirá no mercado econômico com cara nova, mais ágil no relacionamento com seu público. A “guerra” muda o comportamento da sociedade. Nos dias de retiro, novos livros foram escritos e outros embrionários em breve chegarão cheios de inspiração. Deus nunca recebeu tantas orações vindas de todo as partes do mundo pedindo socorro. Caminhões imaginários lotados de promessas de mudança de vida sobem ao céu a toda hora. Viver com mais aconchego junto à família, amigos e no trabalho, juram todos. A reclusão na pandemia é o planejamento estratégico pessoal com múltiplos objetivos, até de mudar atividade a profissional, mudar de vida. Alguém haverá de se perguntar: Que mudanças eu quero viver? Será possível mudar vivendo numa sociedade tão competitiva que exige mais e mais? A mudança tem que chegar logo, é o que todos queremos, liberdade. A liberdade dos pássaros que voam para todos os lados, saltitam de galho em galho. Amanhecem o dia cantando, felizes iniciando a labuta para levar o alimento dos filhotes. As aves são a maior expressão da liberdade. Como nós, hoje, os pássaros não podem ficar engaiolados como definiu: Khalil Gibran: “O rouxinol se recusa a fazer o seu ninho em uma gaiola, para que a escravidão não seja o destino dos filhotes”. Liberdade como os golfinhos que brincam e se divertem socialmente, trabalham juntos para o benefício mútuo. Queremos a liberdade do Condor nas Cordilheiras Andinas, voando imponente sobre os lagos, operando em defesa da sobrevivência, sem perder a dignidade.

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