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Opinião

ÁGUA EM DEBATE

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Por Editorial | Edição do dia 08/08/2020

Matéria atualizada em 08/08/2020 às 06h00

Quando chegar 22 de março de 2028, Dia Mundial da Água, estará encerrada a jornada de dez anos, já proclamada pela ONU, em defesa de mais água e saneamento básico para todos.

Os dados impressionam: em razão da contaminação gerada por milhões de toneladas de esgoto, inadequadamente tratado, e de resíduos agrícolas e industriais despejados em cursos d’água pelo mundo afora, estima-se a morte de mais seres humanos do que mesmo pelas demais formas de violência que, lamentavelmente, o terráqueo é capaz de produzir. A ONU adverte sobre o aumento considerável da demanda pela água nos próximos tempos. “Além do setor agrícola, responsável por 70% das captações de água em todo o planeta, significativos crescimentos são previstos para a indústria e produção de energia”. As Nações Unidas apontam a urbanização acelerada como outra causa da expansão dos sistemas municipais de abastecimento. Se o aviso já era relevante antes da pandemia, imagine a importância que se deve destinar à água e ao saneamento na gestão das cidades, daqui para frente. Quando a democracia convoca o cidadão para debater o poder municipal e o tipo de cidade em que deseja viver, a Gazeta, em muito boa hora, mobiliza seus repórteres e faz mais uma radiografia, dessa vez do sistema de abastecimento d’água de Maceió. E o passivo é grande. Basta esmiuçar o mais recente Atlas do Esgoto, elaborado pela Agência Nacional de Águas. Lá encontramos mais de 80% dos alagoanos que moram em áreas de vulnerabilidade social desprovidas de saneamento e acesso à agua potável, o que revela a ineficiência do poder público no combate à exclusão social.

O sistema de captação de água ainda padece de uma antiga deformação, que já foi bem pior. No último mês de maio, a Casal captou e distribuiu 6,1 milhões de metros cúbicos de água potável para os usuários de Maceió, dos quais 2,3 milhões procederam dos 180 poços subterrâneos existentes. Quer dizer, algo em torno de 40% do abastecimento da capital são de reservas advindas do subsolo, que são consideradas estratégicas e não devem substituir as fontes de superfície.

Por falar nelas, como andam o Projeto Pratagy e suas etapas de implantação? Qual a segurança hídrica que a cidade dispõe? E o grau de desperdício de água potável? Cadê as campanhas permanentes de conscientização sobre o uso racional da água? São muitas as preocupações para um serviço vital, que precisa trabalhar num modelo de sustentabilidade. Afinal, quando o verão chegar e o tempo secar, todos esperam que a água continue jorrando pelas torneiras com a mesma regularidade de chegada da conta.

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