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Maceió,
Nº 5693
Opinião

O VOTO QUE RESOLVE

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Por Dagoberto Lima Godoy - engenheiro e advogado | Edição do dia 29/10/2020

Matéria atualizada em 29/10/2020 às 04h00

Os dois equívocos são da mesma natureza: tanto confundir a essência da democracia com eleições diretas e voto universal, quanto desqualificar o processo, julgando o povo brasileiro despreparado para votar. Porque democracia se constrói com participação, mais do que com votação e esta, sem aquela, conduz à direção oposta: à oligarquia, seja a das chamadas elites, seja a das “nomenclaturas” dos regimes neocomunistas (como recém experimentamos).

Alienação mais voto obrigatório propiciam campo fértil à demagogia e ao coronelato, com manejo das bases populares, muitas vezes reduzidas a “currais eleitorais”. Por outro lado, os setores mais instruídos, pretensamente mais preparados para bem votar, costumam sufragar candidatos que defendam e ampliem seus privilégios.

De resto, nas condições atuais, nossas eleições se assemelham às pesquisas de “boca de urna”, por traduzirem, em geral, o pensamento descompromissado do eleitor, no momento da votação.

Mesmo assim, como patriotas e amantes da democracia, devemos participar e curtir intensamente as emoções das eleições, como exercícios indispensáveis para construir uma grande nação. Mas devemos estar preparados para identificar e repelir as manobras solertes de quantos pretendam manipular as massas populares usando técnicas espúrias que, a despeito de usarem tecnologias atuais, se assemelham às que a história da humanidade ensina associar aos inimigos da democracia.

Para construirmos a democracia de nossos sonhos, é preciso ir ao cerne da questão: a institucionalização de processos que induzam à participação política de toda a população, através das escolas e das associações da sociedade civil de todo tipo, além - evidente e principalmente - dos partidos políticos. Estes, terão que atuar além das fases pré-eleitorais, para funcionarem permanentemente como centros de estudos e debates dos problemas nacionais, na sua total amplitude. Para se tornarem, enfim, formadores da cultura política nacional e indutores da participação livre e engajada dos cidadãos. Somente então estaremos nos habilitando a colher os frutos do efetivo exercício dos deveres e direitos democráticos (nessa ordem): voto consciente e competente, eleições livres e representativas, governos justos e eficientes. Tudo, é claro, num processo dinâmico e auto aperfeiçoador, que, se leva tempo e não dispensa lutas, estará no caminho certo.

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