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Maceió,
Nº 5709
Opinião

SEIS DÉCADAS DE MEDICINA

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Por José Geraldo Vergetti de Siqueira - médico | Edição do dia 28/11/2020

Matéria atualizada em 28/11/2020 às 04h00

Seis décadas deslizam no suave espaço – tempo registrando os saudosos acontecimentos vividos por 33 médicos formados e sendo a última turma da Faculdade de Medicina. Alimentamos um sonho de comemorarmos a notável data envolvendo gerações de netos e bisnetos.

Infelizmente, uma devastadora pandemia planetária introduziu-se no inconsciente coletivo gerando um sentimento de medo racional e de obediência aos protocolos sanitários. Como somos sessentões na profissão, fomos despertados para os oitentões de existência. Neste caso somos parte do grupo de risco. A demandada da comemoração fez estabelecer consenso prorrogatório, e como acompanhei todas as comemorações anteriores, resolvi publicar algo que tornasse revivescência da extraordinária contribuição social que nós profissionais doamos e dedicamos aos Alagoanos. Apenas 3 colegas, 2 em São Paulo e 1 no Rio de Janeiro produziram ações médicas e políticas fora daqui. Os médicos de 1960 formaram na base da pirâmide social confiança e reputação desde os roteiros do século passado. Alguns profissionais destacaram-se pela competência excepcional: Estela, Eleusa, Hélia, Jayme Mello, Judá, foram destaques inesquecíveis. Arapiraca deve ao Judá a metade do seu desenvolvimento atual. As circunstâncias espaciais não me permitem a nominar a dedicação, o rigor e a atuação profissional de cada um. O conjunto reflete para mim a gloria profissional que ainda hoje se reflete no julgamento das gerações. Nós éramos em 1960, 33 formandos. Hoje passados 60 anos somos apenas 17 abnegados e com permanentes sentimentos sociais e nenhum abandonou a profissão, ou por outro lado tornou-se capitalista. Todos continuaram com sentimentos de um refinado e respeitoso vinculo de amizade e coleguismo. Hoje, passados 60 anos as emoções que alimentam as trajetórias da saudade transformam-se em carinho, em sorriso e também lágrimas destiladas do amor que existe em todos nós. Ao encerrar esta singular manifestação de lembranças e recordações confesso que espiritualmente refaço na memória a fisionomia de todos os colegas incluindo nossos professores, os funcionários e os acontecimentos saudáveis que movimentaram nossa vida até hoje. Finalmente quero expressar meu orgulho de ter participado de todos os momentos de minha vida com vocês. Nos 60 anos de formados, vivi ao lado de uma mulher adorável, amiga, companheira e acima de tudo conselheira cristã. Aleir deixou-me um vazio interior que gera um permanente sofrimento. Meus sofrimentos foram duplicados pela morte de minha santa filha Jaqueline. Ambas faziam parte de minha vida profissional e social e hoje consolam-me pela espiritualidade que acompanha minha alma. Colegas, tentei nesta síntese descrever nossos puros sentimentos. Encontrei um denominador comum entre nós. A probidade raiz de todas as nossas ações que culminaram com as alegrias que nos envolvem no dia de hoje. Estamos presentes em todos os acontecimentos renovadores da existência humana. Todas as centelhas do progresso foram apoiadas pela inteligência renovadora de todos como uma sinfonia da ciência. Estamos presentes para o progresso atual e vislumbramos os avanços espetaculares que a revolução do poder das comunicações fará explodir em benefício de toda humanidade. Meu abraço, amigo e minhas saudades eternas.

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