Em audiência pública no Senado, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Glademir Aroldi, chamou a atenção para o fato de que o colapso do sistema de saúde por causa da pandemia do novo coronavírus não está ocorrendo apenas na rede hospitalar. A mesma situação é observada na rede atenção básica, constituída como porta de entrada do SUS para todos os problemas de saúde dos brasileiros.

Ele acrescentou que a rápida saturação da Rede de Atenção Especializada levou também ao aumento explosivo de atendimentos na atenção primária, válvula de escape para os pacientes que não encontram leitos nos hospitais. Para Aroldi, o quadro nunca foi tão dramático. Segundo levantamento da confederação, nas duas semanas entre o fim de março e início de abril, cerca de 48% dos prefeitos relataram que o hospital de referência da sua região estava em risco iminente de ficar sem medicamentos do chamado kit intubação. Já no levantamento dessa última semana, que contou com a resposta de 3.169 prefeitos, este percentual recuou para 38,1%. Ainda nas duas semanas entre o fim de março e início de abril, o levantamento apontou que 26% dos prefeitos relataram risco iminente de falta de oxigênio. Nesta última semana, este percentual também caiu para 18,6%. A Organização Mundial da Saúde tem alertado que a pandemia está longe de terminar e diz que a transmissão está sendo impulsionada pela confusão, negligência e inconstância nas medidas de saúde pública. Entretanto, considera que há motivos para otimismo. Até agora, cerca de 780 milhões vacinas já foram aplicados globalmente, mas medidas como o uso de máscaras e a manutenção do distanciamento físico precisam ser mantidas para reverter a trajetória do vírus. A receita vale perfeitamente para o Brasil. É preciso acelerar a vacinação e insistir nas medidas preventivas. É fundamental, porém, haver uma coordenação nacional que atue em várias frentes, inclusivo por meio de campanhas educativas. Sem integração será mais difícil.