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Maceió,
Nº 5693
Opinião

PANELAS VAZIAS

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Por Editorial | Edição do dia 14/04/2021

Matéria atualizada em 14/04/2021 às 04h00

Pesquisa realizada pela Universidade Livre de Berlim revela que no final do ano passado, 15% dos brasileiros estavam em insegurança alimentar grave e 12,7% em insegurança alimentar moderada, o que significa que corriam o risco de deixar de comer por falta de dinheiro. Em relação à população brasileira como um todo, isso equivaleria a 58 milhões de pessoas.

Outros 31,7% estavam em insegurança leve, quando há preocupação de que a comida acabe antes de se ter dinheiro para comprar mais ou faltam recursos para manter uma alimentação saudável e variada. No geral, a pesquisa conclui que 59,4% da população enfrentava no final do ano passado algum grau de insegurança alimentar, o equivalente a um total de 125 milhões de pessoas. Ressalte que a pandemia do novo coronavírus agravou a questão da fome no Brasil, mas esse problema já tinha voltado a crescer alguns anos antes, em um contexto de crise econômica e desmobilização de políticas públicas de segurança alimentar. O melhor resultado no acesso à alimentação estável e saudável no Brasil foi alcançado em 2013, quando 22,6% dos brasileiros tinham algum grau de insegurança alimentar. A série histórica começou em 2004, ano seguinte à criação do Bolsa Família, quando 16,8% dos brasileiros enfrentavam insegurança alimentar grave ou moderada, e outros 18% estavam em insegurança leve. Outro dado revelado pela pesquisa é que a insegurança alimentar se distribui de forma desigual pelo País. No Nordeste, 73,1% da população estava nessa categoria, e no Norte a taxa é de 67,7%. Já no Sul, 51,6% dos domicílios estavam em insegurança alimentar, e 53,5% dos localizados no Sudeste.Também há diferenças quando se leva em consideração a cor da pele, com maior prevalência de insegurança alimentar entre os pardos e pretos. A pesquisa apenas confirma a necessidade de fortalecimento das políticas de transferência de renda para as famílias mais vulneráveis. O desmonte dos programas sociais já vinha ocorrendo bem antes da pandemia. A chegada do coronavírus agravou a situação, e o poder público precisa dar respostas concretas a esse problema. A fome não espera.

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