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Maceió,
Nº 5692
OPINIÃO

A VOLTA SEGURA ÀS AULAS

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Por João Catunda - presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Vereadores de Maceió | Edição do dia 03/08/2021

Matéria atualizada em 03/08/2021 às 04h00

Era inevitável o prejuízo para a aprendizagem de milhares de alunos maceioenses, em razão da paralisação das aulas presenciais diante da pandemia da Covid-19. Mas com o avançar da vacinação, chegou a hora de discutir a volta segura dos estudantes às unidades de ensino municipais já para este mês de agosto. Como presidente da Comissão de Educação da Câmara de Vereadores de Maceió, debato diariamente o assunto com professores, sindicato, pais e alunos, e também com especialistas da área de Educação em Alagoas e em todo o País. Há um consenso: superar a defasagem do ensino deste período é desafiador; diminuir a gritante desigualdade da educação entre alunos das escolas particulares e da pública é uma necessidade urgente.

Não dá para esperar que todos os alunos sejam vacinados. A segunda dose e consequente imunização completa de professores e trabalhadores da Educação já se avizinha e permite uma segurança, como vemos em todos os países que adotaram a volta às aulas. Irei me reunir no início de agosto com o secretário municipal de Educação e os técnicos da pasta para debater os preparativos que estão sendo feitos nas escolas. Sabemos que o retorno exige doação de máscaras aos estudantes, disponibilização de álcool em gel, pias com água e sabão, salas arejadas, divisórias e distanciamento entre os alunos. E sabemos que nem toda unidade dispõe dessa infraestrutura. Também estamos cientes que é fundamental o empenho total de diretores e profissionais das escolas para trabalhar a conscientização dos alunos e oferecer uma comunicação eficaz com todos os atores da comunidade escolar. Além disso, devemos cuidar da saúde mental de nossos educadores, que hoje vivem um tempo de exaustão e de incertezas com o volume de trabalho e com as cobranças de rendimento para um modelo o qual a maioria não teve qualquer treinamento. Ainda devo sugerir que o retorno das atividades se dê de forma gradativa, dos mais novos para os mais velhos, e poucas vezes por semana, com rodízio de estudantes. Com os protocolos sanitários respeitados e com uma ambientação ao novo modelo de educação, haverá segurança para a vida de todos que constroem o ensino público. Ressalto que a defesa da volta segura às aulas em nada se contrapõe à minha luta pela implantação do ensino híbrido estruturado e permanente em Maceió, em Alagoas e no Brasil, de maneira que amplie o acesso dos estudantes aos materiais educativos de qualidade e à tecnologia. Recentemente, estive com a presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, Professora Dorinha Rezende (DEM-TO), e conversamos sobre a urgência de dotarmos professores e alunos com notebooks, tablets ou celulares, com internet gratuita para que em qualquer lugar eles possam estudar. Hoje, o cenário é de enorme exclusão digital. Segundo a UNESCO, são 4,8 milhões de alunos no Brasil que não têm qualquer aparelho, ou não tem internet, ou dependem dos pais em casa para conseguir o acesso ao ensino. Também conversei com a deputada federal sobre a conectividade das escolas por meio do 5G, projeto que deve ser incluído no Leilão do Governo Federal. É nosso dever nos preparar para os enormes desafios de uma Educação que já não é a mesma de um ano e meio atrás e que em menos de 10 anos será completamente diferente que vemos hoje.

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